É fundamental que surja gente nova para sacudir a velha política brasileira

Atualizado em 10 de setembro de 2012 às 7:38
Manuela D'Ávila

 

O Diário saúda rostos novos na política brasileira, pessoas de mente aberta e alerta, sintonizadas com o espírito de seu tempo — qualquer que seja o partido.

A política nacional não pode ser dominada eternamente por Sarneys, Malufs, Serras etc. Repare. O típico político brasileiro só sai da política num caixão, como aconteceu com ACM e Quércia, para ficar em apenas dois casos. Em geral, eles vão piorando à medida que envelhecem: as virtudes se esgotam e os defeitos florescem.

Três nomes frescos chamam particularmente a atenção nas eleições para prefeito. Em comum eles têm a prioridade justa, imperiosa que os dias de hoje impõem: o combate à vergonhosa desigualdade social que coloca o Brasil na categoria de países de segunda linha.

Manuela D’Ávila, candidata à prefeitura de Porto Alegre, está nessa lista de boas novidades. Manuela, 31 anos, ainda conserva o idealismo dos seus dias de líder do movimento estudantil. Talvez não consiga mudar o mundo, mas pode melhorar Porto Alegre se puser seu foco nos chamados 99%. Não que aparência seja importante na política, mas é melhor ver o sorriso límpido de Manuela do que o sorriso artificial dos suspeitos de sempre.

Marcelo Freixo é outra novidade que merece atenção. Quem me falou dele foi meu irmão Kiko, que está fazendo um trabalho de apuração com profundidade para aferir a real importância, ou desimportância, de Freixo.

Do que vi, gostei. Fazia muitos anos que artistas com a envergadura social de Chico Buarque e Caetano Veloso não abraçavam uma candidatura com estusiasmo. É um bom sinal. Vi no YouTube Caetano cantando a música da campanha de Freixo. Muito boa. Estes quatro anos até as Olimpíadas de 2016 podem ser terríveis para os cariocas pobres. Um prefeito com sensibilidade social pode evitar que a conta das reformas caia, como de hábito, sobre os desvalidos.

Finalmente, Haddad causa alguma animação mesmo a quem, como eu, não é petista. (Sou absolutamente apartidário: voto no partido e na pessoa que me parecem melhores para a cidade, para o estado ou para o país, independentemente da legenda.) Haddad pode ser a solução para que São Paulo se livre da aventura que é Russomano e da obsolescência que é Serra.

Três cidades grandes, três rostos novos: a cena política brasileira parece estar mais interessante do que eu imaginava daqui, a 10 000 quilômetros de distância.