Em plena crise hídrica, faz sentido Alckmin comprar equipamentos caros para prever enchentes?

Atualizado em 5 de dezembro de 2014 às 14:43
Cacique Cobra Coral
Cacique Cobra Coral

 

O DCM lançou um novo projeto de crowdfunding para investigar o papel da Sabesp e do governo Alckmin na crise hídrica em São Paulo. Você pode colaborar clicando aqui.

A atuação equivocada de Alckmin com relação à gestão hídrica tem sido notória. Nesta semana, ele anunciou a compra de cem novos pluviômetros automáticos para alertar inundações e desmoronamentos em áreas de risco. Hoje o governo possui 408 medidores.

Esse equipamento mede a quantidade de chuva e remete em tempo real as informações sobre as condições do clima à central da defesa civil.

No Estado de São Paulo, 235 municípios já sofreram os efeitos drásticos das chuvas de verão. Somente na capital são 407 áreas de riscos.

A ideia não é nova. No passado, os moradores da bacia do córrego Pirajussara, zona oeste paulistana, receberam como medida preventiva uma sirene que era acionada para evacuação das residências a cada chuva mediante risco de inundação.

A compra de pluviômetros é, no mínimo, controversa.

Segundo o capitão da Polícia Militar Rudyard Panzarine Paiva, eles conseguem visualizar o momento da chuva e já tomar medidas em relação às vistorias preventivas, à remoção de moradores e interdição definitiva de residências.

Sem uma política de uso do solo, impermeabilização, ampliação de áreas verdes, drenagem de cursos d’água e a fiscalização na ocupação de áreas de risco, trata-se de mais um paliativo.

Alagamentos e desmoronamento de encostas continuarão a ilustrar as páginas dos jornais no próximo verão. Moradores de São José de Rio Preto, São José dos Campos, Campinas e Registro sabem bem o que é drama da falta de planejamento da urbano.

Em Itaóca, município do Vale do Ribeira, foram registradas 21 mortes em janeiro de 2014. A pequena cidade foi vítima de uma tromba d’água. De nada adiantaria a instalação do moderno equipamento na região com menor índice de desenvolvimento humano do Estado.

Nossa ocupação urbana é fruto da colonização portuguesa. O desprezo pelo planejamento das cidades é consequência da visão colonial, do lugar de passagem, da mera exploração.

Enquanto médico, Alckmin sabe que um atendimento decente nos hospitais não demanda apenas termômetros.

Ele deveria fazer o juramento de Hipócrates ao assumir o próximo mandato.