Em seu vídeo, Andrea Neves esqueceu de se olhar no espelho ao perguntar de onde vem “tanto ódio”. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 2 de abril de 2017 às 18:06

 

O detalhe mais revelador do vídeo de Andrea Neves refutando a denúncia sobre a conta em Nova York onde teria recebido a propina de seu irmão é seu olhar.

É tudo mentira, garante ela.

Abusando das pausas dramáticas, Andrea conta que quer “olhar no seu olho, embora não te conheça”.

Repete a fórmula com várias pessoas até finalizar com a mãe e a filha, repetindo a ladainha de Eduardo Cunha quando de sua cassação.

É curioso como ninguém pensa na família antes de barbarizar, mas não é disso que eu falava.

O que eu falava era sobre o fato de Andrea pedir para o interlocutor olhar nos seus olhos — enquanto ela mesma fita o horizonte ao lado.

Andrea roga por essa cumplicidade e essa empatia, mas não encara a lente, recitando um script que algum estafeta está segurando.

Não é, definitivamente, um bom começo de conversa.

Ela gravou as imagens um dia depois do irmão Aécio, que também deu uma declaração afetando indignação, parecendo acima do peso.

“Não sei o que está acontecendo para tanto ódio e tanta irresponsabilidade, atacar de forma tão covarde”, diz ela.

Ora. Ora. Ora.

Dias depois de perder as eleições de 2014, Aécio e o PSDB estavam pregando a solução do impeachment e começando uma onda de instabilidade institucional que nos atirou num pântano.

PSDB, PMDB e DEM receberam e financiaram movimentos de rua fascistas, especializados em caluniar e difamar.

Não há como dissociar o ambiente de divisão que o Brasil vive da atitude de maus perdedores dos irmãos Neves.

Andrea espera obter a compaixão alheia sendo que, nestes últimos anos em que reputações foram destruídas e gente foi presa no meio do incêndio da Lava Jato, nenhum deles intercedeu pela racionalidade, pela paz ou algo que o valha.

Fernando Henrique foi prestar condolências a Lula na morte de Marisa Letícia, num gesto que mostrava que diferenças políticas não podem estar acima da humanidade.

Aécio e sua eminência parda, Andrea, surfaram no terror. Agora estão sendo abandonados pelos amigos. A opção João Doria vai engolindo seus pretensões.

Ela deveria ter ensaiado em frente a um espelho antes de perguntar ao espectador de onde vem tanto ódio.

Provavelmente, teria desistido de filmar qualquer coisa.