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Aliado à esquerda e à direita, PMDB deve governar metade do país

Se tudo evoluir como as últimas pesquisas eleitorais estão prevendo, o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) vai governar quase a metade do país. Dos 27 Estados brasileiros, 13 estarão nas mãos do partido, fundado em 1966.

Nove Estados podem ter um governador ‘puro sangue’ do PMDB: Espírito Santo, Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte, Ceará, Amazonas, Tocantins, Pará e Rondônia. Em outros quatro, a legenda entra como coligada dos partidos que estão em primeiro: Santa Catarina, Minas Gerais, Amapá e Bahia.

Nas alianças, o PMDB se junta ao DEM, partido de direita, para o Governo baiano, ao PSD que é de centro-direita, em Santa Catarina, e o PT e ao PDT, de esquerda e centro-esquerda, em Minas Gerais e no Amapá, respectivamente.

Se sair vitorioso em todos os pleitos, o PMDB governará, direta ou indiretamente, quase 77 milhões de brasileiros. O maior partido do Brasil por número de filiados – são 2,3 milhões de pessoas no total – tem também a maior bancada no Senado, 19 senadores, e a segunda maior bancada na Câmara dos Deputados, com 72 deputados federais, atrás apenas do PT, que soma 88.

Além disso, o PMDB consegue ter uma cobertura nacional se aliando com todos os partidos em nível municipal e estadual, sem distinção de posição ou ideologia.

Segundo Carlos Pereira, cientista político da Universidade Getúlio Vargas do Rio Janeiro, é melhor ter o PMDB na aliança do que precisar dele depois. “É possível governar sem o PMDB, mas os custos são muito altos”, diz.

“Quando se faz uma coalizão mais ampla, ela parece mais cara, mas no agregado é mais barata. Imagine se a cada coisa que o presidente mandar ao Congresso, ele tiver que construir a maioria na bancada [para votar a favor]”, explica. “Por isso, pode ser mais barato governar com o PMDB do que sem o PMDB”.

O partido, porém, convive com várias correntes internas. Uma delas, por exemplo, está ao lado de Dilma. Outra, era partidária a apoiar Aécio Neves, do PSDB. E outra, o PSB, de Marina Silva. O então candidato Eduardo Campos dizia que em seu governo, o PMDB seria oposição.

Mas o PMDB do Rio Grande do Sul, por exemplo, já havia fechado apoio a Campos poucos dias antes dele morrer. Marina Silva também tem citado, ao longo da campanha, o senador gaúcho Pedro Simon com um dos nomes qualificados do partido com quem gostaria de governar.

Simon faz parte da ala mais à esquerda do PMDB. Recentemente, em entrevista à Agência Estado, o senador afirmou que deixaria a vida pública por “decepção”, e foi duro na crítica ao partido no qual se sente isolado. “O mal no Brasil hoje é esse sistema de ter 30 partidos vazios de conteúdo, votando com o Governo para ganhar um cargo aqui e outro ali. E o [P]MDB, maior partido do Brasil, ao invés de se rebelar, de ter uma palavra firme, também fica brigando por mais um ministério. O partido perdeu a consciência”, disse ele em junho deste ano, antes da reviravolta com a morte de Campos.

Depois, Simon voltou atrás e decidiu concorrer novamente ao Senado.

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