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André Singer: ao contrário da nação petista, no tucanistão não teve fase espetacular da Lava Jato

O professor e cientista político André Singer publicou uma coluna crítica à Lava Jato no jornal Folha de S.Paulo. Para Singer, a operação iniciada em 2014 executou “fases espetaculares” com o PT e mantém políticos do PSDB de fora das grandes investigações ou condenações.

Na segunda-feira, 17 de março de 2014, uma então desconhecida Operação Lava Jato prendia o doleiro Alberto Youssef. O assunto implicava muito dinheiro. Ao concluir o dia, a equipe de Curitiba tinha 80 mil páginas de documentos para analisar. Nos desdobramentos do caso surgiu o petrolão, envolvendo o PT.

Na quarta-feira, 19 de março de 2014, os leitores da Folha encontravam na Primeira Página o seguinte título: “Alstom pagou suborno de R$ 32 milhões, diz ex-executivo”. A notícia dava conta da colaboração de um dirigente do grupo francês com o Ministério Público de São Paulo. “O suborno, destinado a servidores e políticos do PSDB, equivale a 12,1% do valor do contrato de R$ 263 milhões”, escreviam os repórteres Mario Cesar Carvalho e Flávio Ferreira. Como se vê, bastante dinheiro também.

De lá para cá, uma das investigações se tornou a mais importante do mundo, segundo indicou a Transparência Internacional. Ao completar três anos, a Lava Jato contabilizava 38 fases, 198 prisões e 89 condenações. Ex-ministros importantes, como José Dirceu e Antonio Palocci, haviam sido presos. O tesoureiro do PT, acusado em inúmeros processos, continuava na cadeia. Dilma havia caído. Depois, Lula foi condenado.

Na outra investigação, que envolvia o PSDB, nada ocorreu. Passados quase quatro anos do início da Lava Jato, a Folha voltou a estampar, terça passada (19): “Odebrecht confessa cartel durante gestão tucana em SP”. “O esquema, de acordo com o material da empreiteira, operou de 2004 a 2015 em obras que custaram cerca de R$ 10 bilhões”, escreveu o repórter Julio Wiziack. As mesmas empreiteiras envolvidas no Petrolão, operando na mesma época, não suscitaram o mesmo interesse do Partido da Justiça.

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