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Armínio sobre Swissleaks: “Não faço parte desta lama”

Do globo:

O ex-presidente do Banco Central e proprietário do Gávea Investimentos, Arminio Fraga, e Fábio Roberto Chimenti Auriemo, acionista da empreiteira JHSF, apresentaram documentos que comprovam que suas contas estavam em situação legal em 2006/2007.

Arminio declarou suas contas e investimentos à Receita Federal e fez a comunicação correspondente ao Banco Central. Com documentos, ele afirma que não houve qualquer irregularidade.

Arminio mostrou ao GLOBO sua declaração de bens à Receita, referente ao exercício de 2006, em que aparecem suas contas e investimentos. Também mostrou a declaração de ativos no exterior, entregue ao BC. Os documentos comprovam sua afirmação. Ele disse ainda que informações compatíveis foram prestadas às autoridades dos Estados Unidos, pelo fato de ele ter dupla cidadania.

— Não faço parte desta lama — afirmou.

Arminio disse ainda que os documentos vazados estavam relacionados a um fundo de investimentos, o Gávea Global Fund, que tinha, na época, uma conta de custódia no HSBC de Genebra para a aplicação de recursos dos investidores em outros fundos. O Gávea Global Fund, segundo ele, era gerido pela Gávea Investimentos, empresa de gestão de recursos de sua propriedade, que tinha o próprio Fraga como um de seus investidores.

O ex-presidente do BC disse que os documentos que aparecem no Swissleaks aparentam registrar o valor da posição mantida pelo Gávea Global Fund junto ao HSBC em Genebra, bem como o investimento efetuado por ele nos anos de 2004 e 2005, a partir de sua conta bancária no HSBC em Nova York, onde viveu. Os valores da declaração à Receita e da comunicação ao BC, vistos pelo GLOBO, são compatíveis com o montante de seus investimentos no Gávea Global Fund.

Para Fraga, o assunto relacionado ao vazamento de informações sigilosas exige reflexão, principalmente em função do grave momento que o país atravessa.

— É, sem dúvida, um grande serviço ao país, a divulgação de informações sobre operações realizadas em desacordo com as leis. Mas é também dever dos órgãos de imprensa noticiar esses fatos com obstinada precisão para que a vala comum não acabe por frustrar a superação dessa triste fase por que passa o Brasil — disse.

No caso de Fábio Roberto Chimenti Auriemo, o depósito está declarado à Receita Federal e foi informado ao Banco Central. O GLOBO, em parceria com o UOL, recebeu, para análise, 23 documentos que certificam essas informações.

De acordo com eles, a relação de Auriemo com o HSBC em Genebra, na Suíça, durou poucos meses: de fevereiro a junho de 2006.

De acordo com relato da assessoria de imprensa da JHSF, a conta estava originalmente hospedada no Delta Bank, em nome da Capital Real Estate Business, cuja sede é nas Ilhas Virgens Britânicas. Auriemo decidiu transferi-la para o HSBC, que teria então registrado tudo na agência de Genebra. O acionista da JHSF não teria aprovado a mudança e decidido encerrar a conta.

Os registros completos que integram o acervo vazado pelo ex-funcionário do banco suíço confirmam as informações sobre Auriemo.