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Atingido de frente pela Lava Jato e na mão de Doria para 2018, PSDB planeja “refundação”

Da Folha:

O impacto da Lava Jato sobre os principais nomes do PSDB levou uma ala da cúpula tucana a planejar uma “refundação” do partido, em um movimento para recuperar sua imagem até a eleição de 2018 e fazer frente à ascensão de candidatos vinculados à antipolítica, como o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ).

Parte do comando da sigla –inclusive nomes ligados a Aécio Neves, presidente do partido– passou a defender que o PSDB reconheça “erros”, em especial no financiamento de campanhas, e reforce compromissos éticos e bandeiras liberais.

Nas últimas semanas, dois tucanos procuraram Fernando Henrique Cardoso para discutir o assunto. O ex-presidente, segundo esses aliados, se mostrou favorável à estratégia de “retorno às origens éticas e ideológicas”.

Para esse grupo, o PSDB foi gravemente ferido pelas suspeitas lançadas contra seus quadros na Operação Lava Jato por ter portado, desde o escândalo do mensalão, um forte discurso ético contra o PT.

Esses tucanos avaliam ter perdido um eleitorado cativo, que só pode ser recuperado com o reconhecimento de erros e uma defesa enfática do combate à corrupção.

Parte dos dirigentes da sigla quer colocar o plano em marcha no segundo semestre deste ano, a tempo de amenizar o desgaste da legenda rumo às eleições de 2018.

A articulação não é consenso na cúpula do partido. Outros tucanos próximos a Aécio e o grupo do governador paulista, Geraldo Alckmin, resistem em apoiar movimentos drásticos de renovação por temerem perder espaço na estrutura partidária.

Esses grupos defendem um movimento mais brando, em que o partido defenda seus líderes e a política, e resgate sua história, como a implantação do Plano Real, para se apresentar como uma “opção viável” para a superação de crises políticas e econômicas.

“O PSDB não tem que se envergonhar de nada. Tem que se orgulhar do que já fez pelo país, mas tem sempre que se atualizar, com posturas mais claras e transparentes”, afirma o governador do Paraná, Beto Richa.

A aposta na política tradicional como alternativa é uma tentativa de reposicionamento diante do crescimento de nomes considerados “forasteiros”, como Bolsonaro, nas últimas pesquisas eleitorais.

Presidente da sigla, Aécio diz que o PSDB vai recuperar esse eleitorado. “É natural que muitos eleitores flertem com outras candidaturas. No momento do voto definitivo, eles vão votar no caminho seguro, do aprofundamento das reformas e da experiência na gestão, que é o PSDB.”

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