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Como funciona o Tribunal de Contas de Minas

De uma reportagem do Globo de julho passado:

“Órgão fiscalizador das contas do governo e da Assembleia Legislativa, o Tribunal de Contas de Minas Gerais (TCE-MG) tem sido protagonista frequente de escândalos no estado. Acumulados nos últimos 12 anos, três mil processos foram queimados num incêndio comprovadamente criminoso, três conselheiros foram apontados pela Polícia Federal como participantes de um esquema de desvio de verbas do Fundo de Participação dos Municípios, e a Corte foi também acusada de abrigar funcionários fantasmas. Desde domingo, O GLOBO mostra investigações e suspeitas sobre conselheiros desses tribunais.

A atual presidente da casa é Adriene Andrade, mulher de Clésio Andrade (PMDB-MG), réu no mensalão tucano. Segundo denúncia do Ministério Público, ela não teria conhecimento jurídico suficiente para o cargo. Adriene foi indicada na gestão do ex-governador Aécio Neves (PSDB), quando Andrade era vice-governador.

Na ação do MP, é citado o currículo da conselheira até então, onde constam mandato de prefeita de Três Pontas, cidade com 53 mil habitantes no Sul de Minas, atuação no Conselho Municipal de Assistência Social, na APAE da mesma cidade, além do comando da Associação Mineira de Município (AMM). A ação do MP contra a indicação da atual presidente do TCE-MG ainda tramita no STF. Sua defesa argumenta que ela preenche todos os requisitos exigidos para ocupar o cargo.

O ex-deputado Elmo Braz, que também foi presidente do TCE e se aposentou em 2011, virou alvo de uma investigação recente do MP de Belo Horizonte. Segundo documentos obtidos pelo GLOBO, ele é suspeito de conseguir cargo no tribunal para três mulheres, mas os empregos eram fantasmas. Pais, irmãos e primos das jovens também conseguiram trabalho no tribunal.

Entre as contempladas, está a bacharel em Direito Letícia Miranda Santiago, que neste ano conseguiu uma vaga no reality show “BBB-14”. Uma das provas do inquérito são fotografias do conselheiro passeando com Letícia numa lancha. Em seu depoimento ao MP, Elmo admitiu que as três mulheres foram lotadas no tribunal, porém, negou irregularidades.

O Tribunal de Contas de Minas foi palco de um incêndio criminoso em 2002. Quatro funcionários de alto escalão foram acusados de destruir provas de investigações fiscais. Neste ano, mesmo concluindo que o incêndio havia sido comprovadamente criminoso, a Justiça de Minas arquivou o processo por falta de prova contra os acusados. No inquérito, o então presidente do TCE, José Ferraz, já falecido, foi apontado como um dos responsáveis.”