Apoie o DCM

Dia da Consciência Negra: família de ‘novo Amarildo’, sumido na Bahia, faz apelo

“Faço o apelo para que a verdade venha à tona. Por favor. A gente sabe o que aconteceu com meu irmão. Uma coisa é encontrar seu parente morto e sepultar seu ente querido de forma digna. Outra é o que está acontecendo. Esse silêncio. Dói na gente.”

A voz embargada é da universitária Camila Fiúza, de 25 anos, irmã do adolescente Davi Fiuza, de 16, visto pela última vez há 26 dias. “Encapuzado, com os pés e as mãos amarrados, dentro de uma viatura da PM”, diz a família.

A mesma descrição foi dada à polícia por testemunhas que estavam no bairro Estrada Velha do Aeroporto, periferia de Salvador, onde fica a casa do pai de Davi. O caso foi registrado às 7h30 do dia 24 de outubro, durante uma operação policial na região, conhecida na cidade por registros de violência e tráfico de drogas.

O jovem negro, que nunca teve passagem pela polícia, estaria conversando na calçada com uma vizinha quando, segundo relatos, foi abordado e teve o rosto coberto pelas próprias fardas dos policiais.

“Não temos indícios consistentes da participação de policiais neste desaparecimento”, disseram à reportagem, por telefone, porta-vozes da Secretaria de Segurança Pública (SSP), de Salvador. “Se aparecer qualquer fato que vincule PMs ao caso, a corregedoria adotará providências”, informou a corporação.

Se confirmado, o episódio não será um caso isolado. Dos 30 mil jovens entre 15 e 29 anos assassinados todos os anos no país, 77% são negros. Segundo a Anistia Internacional, se nos últimos 10 anos os homicídios contra jovens brancos diminuíram 32,3%, o total entre jovens negros cresceu 32,4%.

Comemorado nesta quinta-feira (20 de novembro), o Dia da Consciência Negra, que coincide com a data da morte de “Zumbi dos Palmares”, em 1695, foi criado justamente para chamar atenção e mobilizar a sociedade para reverter este quadro.

Saiba Mais: bbc