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Do filho de Teori sobre as ameaças do MBL: “A gente ficou preocupado de alguém fazer uma bobagem”

O filho de Teori falou à Folha sobre as ameaças que andavam recebendo:

 

Folha – Seu pai demonstrava estar muito envolvido com o trabalho, por causa da delação da Odebrecht?
Francisco Zavascki – Ele tirou uns dias de férias em que se propôs a não falar de trabalho. Agora já tinha dado por encerradas férias e já estava com a cabeça no trabalho, já estava preparando a homologação.

Ele estava preocupado com o resultado? Estava confiante?
O que ele me comentou é que estava muito preocupado pela gravidade das coisas que ele tinha tido conhecimento nas delações e pelas pessoas envolvidas.

Ele citava nomes ou te contava detalhes?
Não. Ele sempre foi muito reservado e eu sempre fiz questão de não querer saber muito para quando me perguntassem, eu não precisasse mentir. Eu não sabia mesmo.

Circulou na internet um comentário seu postado em uma rede social dizendo que “se algo acontecesse a sua família vocês já sabem onde procurar”. Seu pai comentou sobre receber ameaças nesse período?
A gente teve várias coisas assim [ameaças], como mensagem por rede social, e-mail, telefone e tal. De receber ligação, de tudo.

As ameaças eram diretamente para seu pai ou para a família?
Pra gente era mais, especialmente. É muito chato. Era uma coisa que realmente preocupava a gente e ele também, pelos interesses todos envolvidos [na Lava Jato]. A gente ficou bastante preocupado.

Em 2016, um grupo ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL) colocou faixas no prédio do seu pai, chamando-o de traidor, e bateram panelas enquanto o chamavam de “bolivariano”. Ele ficou abalado?
Não. Mas a gente ficou preocupado de alguém fazer uma bobagem. Sobre o protesto em si, quer protestar, protesta. Mas as pessoas não entenderam naquele momento o que é que estava sendo realmente decidido [Teori determinou que o juiz Sérgio Moro enviasse ao STF as investigações da Lava Jato que envolviam o ex-presidente Lula]. O protesto em si não teve problema. O medo era de alguém fazer justiça com as próprias mãos, né.

Sobre o acidente, o que você acha que aconteceu?
[Suspiro] Não tenho nenhum dado para dizer que não foi acidente. Tem que ser investigado, muito seriamente, mesmo. A família está convocando todo mundo a acompanhar, especialmente vocês da imprensa que tem um papel fundamental que tem sido exercido ao longo desse período. Convocando todas as instituições que puderem colaborar para que não se tenha dúvidas sobre o que aconteceu, seja lá o que aconteceu. A gente não tem “acho isso ou aquilo”. Até porque seria leviano a gente começar a dizer uma coisa ou outra nesse momento.

(…)