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Em um de cada cinco lares do país ninguém tem renda do trabalho

Do Valor:

A maior crise econômica da história do país ainda pesa na estrutura de renda das famílias brasileiras. No segundo trimestre deste ano, o Brasil tinha 15,2 milhões de lares onde ninguém trabalhava, 2,8 milhões a mais do que no mesmo período de 2014 – um incremento de 22%. Isso significa que um em cada cinco domicílios (21,8% do total) não tinha renda fruto do trabalho (formal ou informal).

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“A crise colocou muitos chefes de família para fora do mercado de trabalho. Em muitos lares, cônjuges e filhos também foram demitidos. Membros da família tiveram que buscar emprego para recompor a renda, mas poucos conseguiram. Esse é o motivo mais provável para o resultado da pesquisa. São lares que estão agora sem renda do trabalho e que passam por um momento difícil”, diz Franco.

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Segundo o levantamento, a crise foi mais cruel para as famílias mais pobres. No segundo trimestre, não havia ninguém empregado em 12% dos lares em que o chefe de família cursou o ensino superior (1,4 ponto percentual a mais que o verificado no segundo trimestre de 2014). Quando o chefe de família tem o ensino fundamental incompleto, a proporção era de 32% (cinco pontos acima de 2014).

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Na casa da manicure Valeria Resende, de 34 anos, as únicas fontes atuais de renda são o benefício mensal do Bolsa Família e o apoio financeiro recebido do irmão. Desde que perdeu emprego em um salão de beleza, a capixaba vive com os dois filhos, de 8 e 14 anos, sem renda do trabalho. Ela diz que há poucas oportunidades.

“Tenho ensino médio completo e fiz alguns cursos de informática. Mas busco nas agências de emprego e no boca a boca qualquer oportunidade que aparecer”, disse Valeria, após ser atendida num centro de referência de assistência social, no Centro do Rio de Janeiro, local de cadastramento dos programas de assistência social da prefeitura e do governo federal.