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“Eu fico constrangido de você me perguntar de pedalinho”: o depoimento de Lula à Lava Jato na íntegra

O depoimento de Lula na Lava Jato foi divulgado na íntegra.

Para um delegado da Polícia Federal, ele falou sobre o sítio em Atibaia, o triplex no Guarujá, as palestras, se conhece Fernando Baiano, sobre as palestras, o Bolsa Família — e o café que lhe serviram.

Alguns trechos:

 

  • “Eu, na verdade, quero falar pouco do sítio, porque eu não vou falar do que não é meu. Quando vocês entrevistarem os donos do sítio eles falarão pelo sítio”.
  • “Certamente que a dona Marisa adoraria ver os netos dela e outras crianças que fossem lá possivelmente passear naquilo. Eu fico constrangido de você me perguntar de pedalinho e de me perguntar de um barco de 3 mil reais, sinceramente eu fico”.
  • “Eu já tomei uma decisão, terminada essa porra desse processo, eu vou entregar isso para o Ministério Público, vou levar lá e vou falar ‘Janot, está aqui, olha, isso aqui te incomodou? Um picareta de Manaus entrou com um processo pra você investigar as coisas que eu ganhei, então você toma conta'”.
  • “Não faz parte da minha vida política, ou seja, eu desde que estava no sindicato eu tomei uma decisão: eu não posso pedir nada a ninguém porque eu ficaria vulnerável diante das pessoas”.
  • “Eu acho que eu estou participando do caso mais complicado da história jurídica do Brasil, porque tenho um apartamento que não é meu, eu não paguei, estou querendo receber o dinheiro que eu paguei, um procurador disse que é meu, a revista Veja diz que é meu, a Folha diz que é meu, a Polícia Federal inventa a história do triplex que foi uma sacanagem homérica, inventa história de triplex, inventa a história de uma off­shore do Panamá que veio pra cá, que tinha vendido o prédio, toda uma história pra tentar me ligar à Lava Jato, toda uma história pra me ligar à Lava Jato, porque foi essa a história do triplex. Ou seja, aí passado alguns dias descobrem que a empresa off­shore, não era dona do triplex, que dizem que é meu, mas era dono do triplex da Globo, era dono do helicóptero da Globo. Aí desaparece o noticiário da empresa de off­shore. A empresária panamenha é solta rapidamente, nem chegou a esquentar o banco da cadeia já foi solta porque não era dona do Solaris que dizem que é do Lula, ela é dona do Solaris que dizem que é do Roberto Marinho, lá em Parati. E desapareceu do noticiário. E eu fico aqui que nem um babaca respondendo coisas de um procurador, sabe, que não deve estar de boa fé, quando pega a revista Veja a pedido de um Deputado do PSDB do Acre e faz uma denúncia. Então eu não posso me conformar. Como cidadão brasileiro, eu não posso me conformar com esse gesto de leviandade”.

  • “Declarante:­ Se quiser continuar, pode continuar, eu sei falar de boca cheia.Delegado da Polícia Federal:­ Não, não, eu só não quero atrapalhar o seu café.Declarante:­ Na fábrica a gente trabalhava em horário corrido, você tinha meia hora para comer, então era uma desgraça.

    Defesa:­ Quem tirou tanta gente da miséria tem direito a comer.

    Delegado da Polícia Federal:­ É verdade.

    Declarante:­ É leite, isso é chá, né?

    Delegado da Polícia Federal:­ Isso aqui é chá”.