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Folha: sem resolver problemas de SP, Doria viaja em dia útil para eventos políticos

 

Da Folha:

Por causa do entupimento de uma galeria, em Pinheiros, a cuidadora de idosos Ilda Vilanova, 50, atravessava aos pulos uma esquina alagada às 16h30 da última segunda-feira (14). A aproximadamente 1.700 km dali, no mesmo horário, o prefeito de São Paulo visitava uma emissora de TV em Palmas (TO), em parte de agenda político-partidária.

Naquele mesmo dia, ainda no Tocantins, João Doria era recebido por uma claque uniformizada que carregava faixas com as inscrições “Queremos Doria presidente”, enquanto moradores de um prédio na Bela Vista, no centro paulistano, relatavam à Folha o descaso da gestão do PSDB com os riscos de desabamento após a queda de um muro.

Desde que assumiu o cargo, há quase oito meses, Doria não conseguiu mudar o cenário geral de semáforos quebrados, praças e parques com falhas de zeladoria e ruas e avenidas esburacadas.

Nesta semana,ele reservou dois dias para agendas em outros Estados, o que ajuda a projetar seu nome no cenário nacional com vistas à eleição do ano que vem.

Doria trava disputa silenciosa com o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), seu padrinho político.

‘GESTOR DA CIDADE’

Na segunda, enquanto o tucano visitava Palmas, e nesta quarta-feira (17), quando esteve em Natal (RN), a Folha acompanhou a rotina da capital e ouviu moradores afetados por uma série de problemas. Em linhas gerais, ao serem informados sobre as viagens do tucano, eles cobraram um Doria prefeito e “gestor da cidade.”

Pesquisa Datafolha realizada em abril mostrou que a maioria dos moradores (55%) da cidade rejeitava a possibilidade de o prefeito deixar o cargo no ano que vem para ser candidato a governador ou a presidente.

Por isso, ainda na segunda-feira à noite, diante de cobranças nas redes sociais, ele publicou um vídeo para dar explicações sobre a agenda lotada em Palmas. Ele diz ter viajado a fim de buscar exemplos para São Paulo na área de educação, bancando as viagens do seu próprio bolso.

Na mensagem, ele mostrou seu smartphone e disse ser possível comandar a maior cidade do país a distância.

“Não há nenhum impedimento para a viagem de um prefeito. Hoje o mundo é digital. Por aqui [pelo celular], você acompanha tudo, participa de tudo”, disse, ao classificar sua gestão como descentralizada e moderna.

“Vejo o prefeito colocar roupa de gari, mas aqui ele não vem resolver o nosso problema. Ele é prefeito, não presidente. Deveria estar em São Paulo cuidando da cidade”, disse o engenheiro de sistemas Rodolfo Terra, 33.

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