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Gleisi para Aloysio: “Não chamei de golpista, mas se serviu a carapuça…”

Do Globo:

 

A ex-ministra da Casa Civil e senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) protagonizaram no Plenário do Senado nesta segunda-feira uma longa troca de farpas sobre os movimentos em favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff ou a cassação do seu mandato pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A senadora Gleisi Hoffmann acusou o PSDB de, na convenção realizada neste final de semana, defender o impeachment da presidente Dilma e disse que tal atitude é “golpe”. No bate-boca, o senador Aloysio pediu para falar e disse que estava “fervendo e indignado” com a acusação de ser golpista.

Para Gleisi Hoffman, o PSDB quer ganhar agora no “tapetão”.

— Não é possível que tenha crescido, nesse último final de semana, tanto desejo da oposição e de alguns setores da política brasileira de querer fazer o impeachment e o afastamento da presidenta Dilma. Qual é a razão para isso? Quer se criar um clima no pais para criar condições institucionais para afastar a presidente do país. Que portanto, a saída seria o seu impeachment, ou a cassação. Já está se discutindo as formas. Só posso chamar isso de golpe, não há outra forma de avaliar. Desculpe se ofende o PSDB. Mas o que ouvi na convenção do PSDB foi isso — disse Gleisi.

Aloysio, então, pediu um aparte ao discurso da senadora.

— Estou impaciente, fervendo! A senhora está abusando no direito de nos atacar! Rebateu Aloysio, visivelmente nervoso.

— Não lhe chamei de golpista, mas, se Vossa Excelência (senador Aloysio) vestiu a carapuça. O país não está uma beleza, mas não é a feiura que Vossas Excelências pintam — retrucou Gleisi, irônica.

A senadora disse que ficou “muito assustada” com o tom da convenção do PSDB.

— O golpe não é legítimo! Dizer que tem de afastar uma presidente da República sem mostrar o motivo! Querer ganhar no tapetão uma oportunidade para governar o Brasil! Vamos esperar 2018, vamos disputar a eleição. Um partido não pode se prestar a esse papel: querer que o Tribunal Superior Eleitoral casse a presidente por conta disso ou querer preparar, no Tribunal de Contas da União (TCU), uma situação de não aprovação de suas contas de governo, para levá-la a um impeachment. Dispute-se a eleição, ganhe-se na eleição. Faça-se isso, mas não o golpe. O golpe não podemos aceitar. O golpe não serve à nossa democracia. O golpe não serve ao fortalecimento do nosso processo — disse Gleisi.

Depois, em novo discurso, Aloysio disse que quer ver o fim do governo Dilma, mas admitiu que o PSDB está “preparado” se ela for afastada do poder para fazer uma “transição tranquila”.

— De modo é que não há golpe coisa alguma. A tese de que a oposição busca um golpe é simplesmente é uma fantasia, uma forma escapista dos governistas de não enfrentarem os problemas — disse Alosyio, admitindo:

— Não desejo o fim do governo da presidente. Quero ganhar no voto, em 2018. Mas, se acontecer algo antes, se a Justiça trabalhar, cumprir o seu papel e decidir no sentido de interromper o mandato, estaremos em condições de fazer uma transição tranquila do governo e tomar as rédeas do governo.

O vice-presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), criticou a atuação do ministro do TCU, José Augusto Nardes, afirmando que ele não poderia ir à televisão fazer ataques ao governo, já que é relator do processo sobre as contas da presidente Dilma em 2014. E Raupp disse que não é correto se discutir já as saídas para afastar a presidente Dilma.