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“Impeachment não está morto”, diz Romero Jucá

Do senador Romero Jucá, cotado para assumir o segundo posto de comando do PMDB a partir de março, em entrevista ao Estadão:

 

O impeachment perdeu força no Congresso?

Não acho que perdeu (força). Em política nada está morto. Em política cada dia é uma conjuntura diferente. Impeachment é consequência de um conjuntura. Ela às vezes esquenta, às vezes esfria. Há dois meses a conjuntura do Brasil era outra. Mas não podemos discutir a solução do Brasil apenas após o impeachment porque ninguém sabe se vem, nem quando vem.

O acordo do PMDB do Senado com Temer está relacionado a essa avaliação do impeachment?

Não. Estamos trabalhando pela união do PMDB. O Michel é um ponto de equilíbrio no partido. Mas o PMDB precisa ter claramente bandeiras. O partido tem que ter uma identidade que a população saiba com clareza o que é que aquilo representa.

Mas isso já não foi feito com o documento lançado por Temer com propostas para o País, batizado de ‘Uma Ponte para o Futuro’?

É um documento teórico, não é um documento voltado para a população. Aquele documento precisa ser traduzido em programas para a população.

Então, o documento não é o programa do PMDB?

Não é. Ali tem algumas ideias. O posicionamento será construído. O que vamos fazer no encontro da Executiva é aglutinar, unir o partido, eleger uma Executiva que efetivamente represente as forças que são complementares.

Nesse processo de discussão interna, o PMDB vai buscar se distanciar do PT e do governo?

Queremos marcar as diferenças que nós temos dos outros partidos. Temos diferenças com o PT. Podemos ter equidades, mas temos diferenças também e isso tem que ficar claro para que efetivamente a leitura da população seja justa. Não podemos pagar por erros que não são nossos e não podemos ter também ganhos de ações que não são nossas. O nosso balizamento é a população brasileira, é a cobrança das ruas. Estamos vivendo um outro limiar. Os partidos que não entenderem isso estarão fora do jogo, virarão um dinossauro e vão desaparecer.

(…)

O avanço da Lava Jato poderá ter impacto na governabilidade?

Acho que não. A Lava Jato é uma questão grave no quadro político, mas esse dado não pode ser o parâmetro para se tocar as questões políticas, nem de gestão do País.

O avanço dela sobre Lula não pode afetar a governabilidade?

Não posso dar uma resposta porque não conheço os procedimentos de investigação. Seria leviano. Mas se pode dizer que o Lula hoje é um ponto de confronto político, como foi a Dilma no ano passado e ainda permanece. É mais uma frente de embate político.