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Janio de Freitas: “Temer é uma combinação de fraqueza natural e pose artificial”

Da Folha:

 

Temer, o verbo, é uma obrigação cívica à vista do que se pode esperar dos citados, quase todos, para compor um governo Temer, o nome. A voracidade com que os oportunistas se lançam em disputa por um bom pedaço do governo só se equipara, em despudor, à ostensiva incitação desse ataque felino como expediente do próprio Temer –um modo de se fazer visto como presidente.

Michel Temer está tão entregue a três ou quatro pessoas como esteve em sua longa presidência do PMDB. Combinação de fraqueza natural e pose artificial, Temer deu oportunidade e cobertura a que as piores correntes internas proliferassem no partido, situação da qual Eduardo Cunha e o mercantil PMDB da Câmara são dois dos vários efeitos. Foi a fraqueza, aliás, a razão das suas reeleições na presidência. Não haveria motivo para esperar algo diferente de Temer na passagem de uma presidência para outra. Até por já estar constituída, de sua parte e à sua volta, a mesma situação.

Albert Fishlow, o mais conceituado dos brasilianistas, e agora uma das muitas vozes internacionais que a imprensa brasileira não divulga, tem uma visão a ser anotada: “O impeachment não será o fim da crise. Será o começo”.

Temer, o verbo por causa do nome, pelo que será dado ao Brasil é como um estigma, uma sina. Uma tristeza sempre repetida.