Apoie o DCM

João Doria, pai do prefeito de SP, também era chamado de João Dólar, só que pela direita

Da Socialista Morena:

O pai do prefeito de São Paulo, o deputado federal João Doria, detestava, como o filho, ser chamado de “João Dólar”. Mas, ao contrário do Júnior, teve mais savoir-faire e transformou o limão numa limonada: em vez de proibir que o chamassem assim (como fez o prefeito), registrou a alcunha na Justiça Eleitoral da Bahia. Também ao contrário do filho liberal, Doria pai, um nacionalista que foi cassado pela ditadura na semana seguinte ao golpe, não recebeu o epíteto de gente da esquerda e sim da direita anticomunista que tanto combateu como parlamentar.

Em agosto do ano passado, João Doria Jr. recorreu à Justiça e conseguiu que o Facebook excluísse o perfil “João Dólar”, uma sátira ao estilo burguês, coxinha, do então candidato a prefeito. Não satisfeito, Doria pediu multa de 5 mil reais para o criador da página por tê-lo “ofendido”.

O que talvez nem o prefeito saiba é que, coincidência das coincidências, o apelido está em sua família há mais de 50 anos. E se disseminou ao ponto de, em 1962, João Agripino da Costa Doria, candidato a deputado federal pela Bahia, pedir ao Tribunal Regional Eleitoral que aceitasse como seus os votos que porventura aparecessem com o nome “João Dólar” nas cédulas eleitorais, na época escritas à mão.

Aliado de João Goulart, Doria pai atribuía a difusão do apelido a parlamentares que se beneficiaram da “generosidade” do Ibad (Instituto Brasileiro de Ação Democrática), organização conservadora anticomunista vinculada à CIA que preparou o terreno para o golpe de 1964.

Financiado com dinheiro de governos e multinacionais estrangeiras, o Ibad irrigou com milhões de dólares os candidatos de direita e os jornais que aderiram ao movimento em favor do golpe, como O Globo. Um exemplo foi o financiamento do livro O Assalto ao Parlamento, do tcheco Jan Kozak, para alertar do “perigo vermelho” –e que o jornal de Roberto Marinho distribuiu a seus leitores em fascículos.

O deputado federal João Doria seria um dos artífices da CPI que investigou a organização, que acabaria fechada por corrupção por Jango em agosto de 1963. Os cinco parlamentares que estavam à frente da comissão (além de Doria, Rubens Paiva, José Aparecido, Eloy Dutra e Benedito Cerqueira) seriam todos cassados pela ditadura já no AI-1 (Ato Institucional Número 1), em 9 de abril de 1964. Em 1977, o embaixador norte-americano reconheceria o financiamento de parlamentares pelos Estados Unidos.

(…)