Apoie o DCM

Jornal de Minas revela trecho da delação de Marcos Valério sobre Aécio

Aécio: empréstimo fraudulento.
Do GGN
Jornal GGN – O jornal O Tempo teve acesso a alguns anexos da delação premiada de Marcos Valério que contam com um pouco mais de detalhe como Aécio Neves teria se beneficiado de esquemas de corrupção que podem ter envolvido o Banco Rural e a Codemig. Ciente do vazamento, Aécio já saiu pela tangente e respondeu que a denúncia apenas trata de transações “privadas”, não de desvios de verba pública.
Um dos trechos expõe que o ex-governador de Minas Gerais teria sido beneficiado por um empréstimo fraudulento que envolvia, além do hoje senador tucano, o ex-presidente da Assembleia Legislativa Mauri Torres, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, e o ex-secretário de governo Danilo de Castro. Os dois são do PSDB.
De acordo com a delação, Mauri, antes do mensalão de 2005 estourar na mídia, solicitou ao sócio de Valério nas agências SMPB e DNA Propaganda (Ramon Hollerbach Cardoso) um empréstimo de “valor muito alto” que seria usado para comprar um apartamento na região centro-sil de Belo Horizonte.
Valério diz na delação que ficou acertado de que o empréstimo seria tomado do Banco Rural, mas o plano mudou um pouco depois porque Danilo de Castro, então secretário de Aécio, pediu que o empréstimo também fosse compartilhado com ele e com “então governador”.
“Como o valor era um pouco alto, resolvemos, junto com o Banco Rural, fazer um empréstimo com o aval dele [Mauri]. Mas aí surgiu uma demanda do secretário Danilo de Castro, que era para ajudar, além do Mauri Torres, ele próprio e o governador de Minas. (…) Fizemos um financiamento numa quantia maior e repassaríamos todos os valores em dinheiro para Mauri e Danilo”, diz o documento.
Quando o escândalo do mensalão entrou em cena, o grupo recuou. Valério diz que pagou o dinheiro solicitado pelos tucanos de seu “próprio bolso” e depois teria sido compensado por verbas desviadas pelo governo Aécio da Codemig.
“A partir daí, ficou acertado que o sr. Oswaldo Borges da Costa (ex-presidente da Codemig) iria providenciar o pagamento de tudo e quitar o empréstimo fraudulento feito com o Banco Rural para dar um ar de legalidade à operação”, diz a delação.
Procurador pelo jornal O Tempo, a assessoria de Aécio reciclou a mesma resposta dada quando a delação da JBS veio à tona mostrando que o tucano também solicitou um empréstimo de R$ 2 milhões a Joesley Batista. O argumento é o de que trata-se de operação privada, que não envolve (ou envolveu, no caso relatado por Valério) recursos públicos. “Trata-se de uma transação privada, que nada tem a ver com a atividade pública dos citados”, disse o tucano.
O secretário de Saúde de Minas durante o mandato de Aécio, Marcus Pestana, aparece na relação recebendo “recursos ilícitos” da DNA. Hoje Pestana é deputado federal pelo PSDB.
Sobre Clésio Andrade, um dos pivôs do mensalão mineiro, Valério diz na delação que diversos deputados estaduais da base do governo foram pagos para que ele fosse indicado candidato a vice na chapa de Azeredo, que buscava a reeleição em 1998.
“Valério cita o nome dos deputados Carlos Melles, Bilac Pinto, Sebastião Costa e Paulo Piau como supostos recebedores desses repasses. Além destes, teriam sido realizados pagamentos a pessoas ligadas a Azeredo para ‘convencê-lo’ a aceitar a indicação de Clésio Andrade, como o ex-deputado Amilcar Martins.”
Leia a reportagem completa aqui.