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Jornal inglês The Guardian pergunta: “O Ocidente está obcecado com os problemas da Venezuela. E os do Brasil?”

 

Do Guardian:

A Venezuela é o assunto de todos. Melhor ainda, a Venezuela é o assunto dos repórteres sempre que vêem [o líder trabalhista] Jeremy Corbyn: ele condenará o presidente Nicolás Maduro? Qual é a posição dele sobre a Venezuela e como isso afeta seus planos para a Grã-Bretanha? Os problemas reais da Venezuela – um país complexo com uma longa história que não começa com o presidente anterior Hugo Chávez e certamente não com Jeremy Corbyn – são amplamente ignorados ou deixados de lado. Isso não é nada novo: a maior parte do tempo, os debates da América Latina são vistos através de lentes ocidentais.

É claro que a situação na Venezuela é deplorável e preocupante. Mas é fácil ver que a preocupação com os abusos antidemocráticos de Maduro não vêm necessariamente da preocupação real com o bem-estar dos venezuelanos.

O vizinho Brasil não foi analisado ou debatido extensivamente, mesmo que tenha problemas semelhantes. O presidente do país, Michel Temer, escapou recentemente de medidas que o levariam a julgamento na Suprema Corte, fazendo com que o Congresso o livrasse. O caso Temer não era frágil ou partidário: havia uma montanha de provas, incluindo gravações dele debatendo abertamente ilegalidades com o empresário corrupto Joesley Batista.

Que um presidente posto no poder sob circunstâncias que podem ser, na melhor das hipóteses, descritas como desonestas, consiga permanecer no poder ao comprar favores do Congresso, mesmo que ele passe as medidas de austeridade mais severas do mundo, deveria ser suficiente para levantar algumas sobrancelhas internacionalmente.

Mas isso não aconteceu, e o Brasil continuou como a maioria das histórias sobre a América Latina fazem: despercebidas e não comentadas.

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