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Mercosul sai em defesa da Argentina contra ‘fundos abutres’

O Mercosul saiu em defesa da Argentina diante da crise com os fundos credores (os chamados fundos “abutres”), que pode levar o país a declarar um “calote técnico” na próxima quarta-feira.

O bloco está preocupado não só com as consequências na economia regional, como também com o possível precedente que a decisão unilateral da corte de Nova York pode estabelecer no mercado de reestruturação das dívidas assumidas pelos países.

“Essa é uma situação que conspira contra a previsão de uma reestruturação (das dívidas soberanas). Acreditamos que um grupo minoritário não pode gerar esse tipo de perda a um acordo com os maiores detentores de bônus”, afirmou o chanceler do Paraguai Eladio Loizaga a jornalistas durante a reunião de chanceleres do Mercosul em Caracas.

A preocupação é compartilhada pelo Brasil que se uniu com os demais países em defesa da Argentina. “Quando um país chega a uma reestruturação e começa a pagar o que deve, isso tem que ser preservado. Não se pode correr o risco desse acordo cair”, afirmou à BBC Brasil um alto funcionário do governo brasileiro.

O Brasil acredita que a decisão do juiz norte-americano contra o governo argentino é arbitrária e compromete todo o esquema de reestruturação da dívida soberana, não somente no caso argentino, e marca um precedente preocupante. “Eles querem pagar, mas eles não estão conseguindo por razões alheias à vontade deles. Isso é preocupante porque coloca em questão as reestruturações de dívidas que vários países fizeram”, afirmou o funcionário.

Durante o encontro em Caracas os chanceleres mostraram preocupação sobre os eventuais efeitos que um novo calote pode ocasionar na economia regional.

Na abertura do encontro, o chanceler argentino Héctor Timerman agradeceu a solidariedade da região e responsabilizou o anacronismo do sistema financeiro internacional pela atual crise. Timerman pediu que o Mercosul assumisse a liderança necessária para promover uma reforma no sistema que a seu ver coloca em risco o desenvolvimento dos países. “O sistema financeiro internacional responde a regras que não correspondem ao nosso objetivo de desenvolvimento econômico com inclusão social”, afirmou.

Saiba Mais: bbc