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Ministro Eduardo Braga, do PMDB, critica “precipitação” do grupo pró-impeachment

Do site do PMDB:

Titular da pasta de Minas e Energia, o ministro Eduardo Braga (AM) critica o que considera “precipitação” do grupo do PMDB que prega o rompimento com o governo Dilma Rousseff e defende o adiamento da reunião do diretório nacional nesta terça-feira, dia 29. Para Braga, essa situação pode provocar um “impasse” dentro da legenda.

“Corremos o risco de a bancada do Senado não acompanhar a decisão do diretório”, disse o ministro, o que, segundo ele, colocaria em xeque a liderança do vice-presidente Michel Temer, presidente nacional do partido. Braga considera natural as conversas do vice com o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG). “Eu sempre fui a favor do diálogo… O que não pode ficar é aquele véu da conspiração e da traição, isso não pode ficar.”

O Estado de S.Paulo – O sr. apoia o desembarque?

Eduardo Braga – O partido está dividido. Existe um grande número de deputados, senadores, líderes regionais, que advogam que a reunião do diretório não seja realizada no dia 29. A data que havia sido construída era dia 12. E há um outro grupo que defende o dia 29, esse grupo quer precipitar uma decisão. Nós entendemos que o PMDB, pela sua história e por tudo que contextualiza esse momento, tem que ter muita responsabilidade e prudência.

O Estado de S. Paulo – Que tipo de responsabilidade?

Eduardo Braga – Estamos em pleno processo de impeachment. Agora, de que forma isso está sendo conduzido não só dentro da Câmara, mas também junto ao Supremo Tribunal Federal e a opinião pública nacional? O PMDB tem que ser protagonista neste caso, ou o PMDB tem que ter uma postura de equilíbrio, de compreender qual o papel que ele tem que exercer neste momento delicado, em que a Nação se encontra em enfrentamento na rua? Não dá para desconhecer isso.

(…)

ma vez decidido o desembarque, o sr. deixaria a pasta?

Eduardo Braga – Eu preciso que após a reunião, se ela houver dessa forma e dessa maneira, a instância partidária que me indicou, que é a bancada do Senado, chegue com uma conclusão e diga: “Nós vamos acompanhar, não vamos”. Olha o risco que estamos correndo. Corremos o risco de a bancada do Senado não acompanhar a decisão do diretório. Não estou dizendo que não vai acompanhar, nem que vai acompanhar.

O Estado de S.Paulo – Isso colocaria em xeque a liderança de Michel Temer?

Eduardo Braga – Acho que fica uma coisa muito complicada. Quando acabamos de sair de uma reunião em que o partido, por unanimidade, busca a unidade partidária e fortalece a posição do presidente Michel, e isso lhe deu força para que pudesse estar com musculatura nas negociações política, no ato seguinte, o que estamos fazendo é exatamente ir na contramão do que fizemos.

O Estado de S.Paulo – Um desembarque do PMDB atrairia outros partidos para o apoio ao impeachment?

Eduardo Braga – Acho que aqueles que defendem isso, defendem dessa maneira. Agora, esse processo precisa ter consequências partidárias, em torno de projetos para o País. O Brasil vive um momento de divisão e enfrentamento que não é bom para o País, que está paralisado sobre vários aspectos por causa dessa divisão. E o PMDB não defendeu na convenção a divisão, mas exatamente a união e unidade e propostas claras.

O Estado de S.Paulo – Como o sr. vê a aproximação entre Temer e Aécio Neves?

Eduardo Braga – Temos que ver com muito cautela. Eu sempre fui a favor do diálogo. Quando fui líder do governo, dialogava muito com a oposição na busca da construção de convergência. O que não pode ficar é aquele véu da conspiração e da traição, isso não pode ficar.