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“Não somos justiceiros”: ministro Marco Aurélio, do STF, afirma que Sergio Moro atropelou as regras

Do Jornal do Brasil:

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello criticou as últimas ações do juiz Sergio Moro, em entrevista à coluna de Monica Bergamo, na Folha de S.Paulo. O ministro da mais alta Corte do país afirmou que “só se conduz coercitivamente o cidadão que resiste e não comparece para depor”.

“Condução coercitiva? O que é isso? Eu não compreendi. Só se conduz coercitivamente, ou, como se dizia antigamente, debaixo de vara, o cidadão que resiste e não comparece para depor. E o Lula não foi intimado”, afirma ele.

Marco Aurélio disse à Folha que é preciso “colocar os pingos no is’, em relação à investigação, mas que não se pode atropelar a lei. “O atropelamento não conduz a coisa alguma. Só gera incerteza jurídica para todos os cidadãos. Amanhã constroem um paredão na praça dos Três Poderes”.

O ministro também ironizou o argumento de Sergio Moro e dos procuradores de que a medida foi tomada para assegurar a segurança de Lula. “Será que ele [Lula] queria essa proteção? Eu acredito que na verdade esse argumento foi dado para justificar um ato de força”, segue o magistrado. “Isso implica em retrocesso, e não em avanço”.

Para Mello, Moro “estabelece o critério dele, de plantão”, o que seria um risco. “Nós, magistrados, não somos legisladores, não somos justiceiros”, alertou. “Se pretenderem me ouvir, vão me conduzir debaixo de vara? Se quiserem te ouvir, vão fazer a mesma coisa? Conosco e com qualquer cidadão? O chicote muda de mão. Não se avança atropelando regras básicas”.