Apoie o DCM

Naufrágio de barco com 700 imigrantes no Mediterrâneo deixa 28 sobreviventes

Da DW.

 

Um barco que trazia cerca de 700 imigrantes naufragou no norte da Líbia, divulgou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) neste domingo (19/04). Apenas 28 pessoas foram resgatadas com vida, segundo a guarda costeira. Acredita-se que o restante dos passageiros morreu no Mar Mediterrâneo.

Pelo menos 24 corpos já foram resgatados. Se confirmadas as mortes, o acidente poderá elevar para mais de 1,5 mil o número de vítimas ao longo da travessia marítima entre África e Europa somente este ano. Na sexta-feira passada, a Acnur afirmou que o número de imigrantes mortos ou desaparecidos já chegava a 950.

“Parece que estamos diante do maior massacre já visto no Mediterrâneo”, declarou Carlotta Sami, porta-voz da Acnur.

O barco estava a 126 quilômetros da costa líbia e a 177 quilômetros da ilha de Lampedusa, sul da Itália, segundo a Marinha de Malta, que recebeu um alerta de uma embarcação com problemas por volta de meia-noite (hora local). A guarda costeira instruiu um navio mercante para ir até o local.

De acordo com autoridades italianas, o barco pesqueiro de apenas 20 metros estava afundando com os imigrantes a bordo no momento em que o navio se aproximou. Desesperados por resgate, os ocupantes se movimentaram para um lado só, o que teria desestabilizado e virado a embarcação, afirmou a guarda costeira.

Destroços do barco foram encontrados pelas equipes de busca. “Há grandes manchas de óleo, pedaços de madeira e coletes salva-vidas na área”, afirmou o general Antonino Iraso, da polícia da fronteira italiana, que também participa dos trabalhos de resgate.

Segundo autoridades da Itália, a operação de busca e resgate neste domingo envolve 17 navios e embarcações da guarda costeira, assim como navios mercantes da área e um barco de patrulha de Malta.

Mais ação da Europa

As novas mortes aumentam a pressão internacional para que a Europa se empenhe mais na crise da imigração do Mediterrâneo. Grupos internacionais de ajuda humanitária e autoridades italianas vêm criticando a operação Triton, missão de patrulha costeira coordenada pela União Europeia considerada insuficiente.

O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, disse que a Europa está testemunhando “um massacre sistemático” no Mediterrâneo. “Como podemos permanecer insensíveis quando testemunhamos populações inteiras morrendo, em uma época em que os meios de comunicação nos permitem estar sabendo de tudo?”, disse Renzi em um evento político.

Cerca de 20 mil imigrantes ilegais chegaram à costa da Itália este ano, segundo a Organização Internacional de Migração (OIM). Apesar de ser um pouco menos do que o registrado no mesmo período do ano passado, o número de mortes já era dez vezes maior antes mesmo da tragédia deste domingo.