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Palmeirenses-raiz respiram aliviados após Bolsonaro e sua camisa pirata

Reprodução

O blog do Juca Kfouri no UOL traz um bom artigo do jornalista Antônio Carlos Salles sobre a camisa do Palmeiras pirata usada por Bolsonaro nessa semana.

Palmeirenses-raiz respiraram aliviados ao ver o presidente da República posar para foto usando uma camisa pirata do Palmeiras durante a semana.

São os milhares que preferiram deixar o estádio no dia da conquista do título nacional ao saber que ele entregaria a taça ao capitão da equipe.

Alguns jogadores que não puderam fugir ao constrangimento, alojaram-se nas laterais e ao fundo do palco montado para a festa.

Os antenados sempre pensam além.

Torcedores, atletas, cidadãos. O uso público de um objeto pirateado, isto é, falsificado, em especial por uma autoridade, diz muito sobre a origem e natureza. De ambos.

Quando se trata de um símbolo de um dos maiores clubes do mundo, que enfrentou a perseguição do pós-fascismo e o olhar desconfiado de uma elite ignorante, por sua formação e base social, pior, muito pior. Pode-se calcular a nefasta cadeia que dá origem à comercialização de um objeto pirata.

Tráfico de matéria prima e nenhum selo de inspeção e qualidade, sonegação de impostos aos Estados e União, trabalho semi ou totalmente escravo, ausência de leis de amparo à saúde, ambiente insalubre e de confinamento. Sem falar de constrangimentos, ameaças e repressão aos que no contrabando e pirataria trabalham.

A grande maioria por absoluta necessidade. O uso dessa camisa pelo presidente consagrou a idolatria ao Fake. E faz todo sentido. No ano passado o contrabando e a pirataria cresceram 9,4% chegando a um faturamento acima de 2 bilhões de reais, diz a Receita Federal. 

Em 2008, num leilão realizado no outrora pomposo Jockey Clube de São Paulo, paulistanos esperaram horas nas enormes filas para comprar carros, relógios, roupas e tênis do traficante Juan Carlos Abadia. Não lhes passou pela cabeça como o bandido chegou a tais bens e de que forma. Nem ao presidente, ao posar com camisa pirateada.

Aos palmeirenses-raiz, de origem, os legítimos, os “tutti buona gente”, relaxem. Palmeirense ele não é!