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Polícia busca provas de achaque e vendas de MPs em celulares e laptops de Cunha

Do Globo:

 

Pouco depois das 6 horas da manhã de ontem, equipes de policiais federais e procuradores da República iniciaram a operação de busca e apreensão de documentos, telefones e computadores nas casas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e dos ministros do Turismo, Henrique Eduardo Alves, de Ciência e Tecnologia Celso Pansera, entre outras pessoas ligadas ao deputado.

Com Cunha, a Polícia Federal apreendeu três celulares, um laptop, pelo menos um computador e sacolas de documentos. Estão em apuração suspeitas de achaques, supostas tentativas de vender trechos de medidas provisórias, aprovações suspeitas de projetos de lei, além de atuações para atrapalhar investigações criminais e administrativas.

Nos celulares estariam recentes conversas de Cunha com o vice-presidente Michel Temer (PMDB), com Henrique Eduardo Alves e com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB). Entre os documentos, estariam pedidos de empresários e instituições sobre projetos de lei e medidas provisórias supostamente negociadas.

Também no início da manhã de ontem, policiais e procuradores fizeram buscas em endereços de apadrinhados de Renan, entre eles o deputado Anibal Gomes (PMDB-CE) e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Os dois são acusados de receber propina em negociatas na Petrobras. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, chegou a pedir busca na casa de Renan, mas Teori achou a medida desnecessária no momento.

As buscas foram pedidas pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal e autorizadas pelo ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava-Jato no Supremo.

Ao todo, policiais federais e procuradores apreenderam documentos em 53 endereços de deputados, senadores, ministros, empresários e advogados suspeitos de envolvimento com a corrupção e lavagem de dinheiro desviado da Petrobras. As ações são desdobramentos de sete processos relacionados a nove políticos no exercício de seus mandatos.

Em relação a Cunha, as buscas foram pedidas em um inquérito classificado como oculto no Supremo. Nesse inquérito, com citações ainda não esclarecidas, estão os ministros Henrique Eduardo Alves, Celso Pansera, o doleiro Lúcio Bolonha Funaro, o deputado Dudu da Fonte (PP-PE), o ex-deputado Alexandre Santos (PMDB-RJ), e o prefeito de Nova Iguaçu, o ex-deputado Nelson Bornier (PMDB).

Cunha e sua tropa de choque são suspeitos de usar estrutura da Câmara para obter vantagens financeiras ou outros benefícios pessoais, em diferentes circunstâncias. Cunha recorreria aos aliados de acordo com a necessidade do momento. Pansera foi acusado de ameaçar filhas do doleiro Alberto Youssef. O objetivo seria intimidar delator da Lava-Jato e tentar impedir que ele apontasse o envolvimento de Cunha com a corrupção na Petrobras.