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Psol suspende deputado que queria trocar “povo” pode “Deus” na Constituição

Do Congresso em Foco:

 

Resolução da Executiva Nacional do Psol formalizada nesta quinta-feira (26) determinou a “suspensão imediata” do deputado Daciolo (RJ), depois de analisar seu “comportamento político”. Como este site mostrou mais cedo, Daciolo contrariou a orientação de seu partido e apresentou, ontem (25), uma proposta de emenda que substitui a palavra “povo” por “Deus” no enunciado do primeiro artigo da Constituição. Caso a sugestão seja aprovada, a Carta Magna será aberta com a seguinte redação: “Todo o poder emana de Deus, que o exerce de forma direta e também por meio do povo e de seus representantes eleitos, nos termos desta Constituição”.

A decisão desagradou à cúpula do Psol desde seu surgimento. De perfil liberal, o partido proibiu Daciolo de “participar de quaisquer aparições públicas em nome do Psol, conforme disposto no artigo 19, alínea ‘a’ dos seus Estatutos”. A resolução também decidiu encaminhar ao Diretório Nacional do Psol a recomendação de análise sobre a possível ocorrência de infidelidade partidária. O procedimento dará à Comissão de Ética Nacional da legenda a tarefa de analisar os fatos e garantir o direito de defesa de Daciolo, “procedimento necessário para instruir a decisão da instância de direção”.

Por meio de comunicado à imprensa, a executiva faz a ressalva de que, em 16 e 17 de maio, haverá reunião do Diretório Nacional do Psol para deliberar sobre a questão, entre outras pautas.

“Apesar dos esforços da bancada e da direção do partido, o referido parlamentar insistiu em apresentar proposição que contraria um dos mais caros princípios partidários e da esquerda. O PSOL agrega em suas fileiras incontáveis filiados, dirigentes e parlamentares que professam alguma fé religiosa. Todos estes são sempre bem vindos e não tem no partido qualquer restrição em relação às suas opções religiosas. Contudo, exige-se no partido a atuação política respeitando-se a separação entre religião e Estado”, diz trecho da resolução, que ainda menciona outra conduta de Daciolo na contramão dos dogmas da legenda.

“[…] o deputado anunciou e decidiu defender os policiais acusados pela morte do cidadão Amarildo, caso emblemático da luta por direitos humanos no Brasil. O deputado Daciolo teria e tem todo o direito e dever de defender um julgamento justo e célere aos policiais acusados neste e noutros casos […]. Mas é inadmissível ao Psol a defesa, por parte de um de seus membros, de que estes são inocentes e que os culpados seriam outros”, acrescenta a resolução.