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Revista americana The Nation diz que “elite tradicional do Brasil quer destruir Lula de qualquer maneira”

O site da revista americana The Nation publicou uma matéria sobre Lula. “A elite tradicional quer destruí-lo de qualquer maneira”, diz o texto. 

“O ex-presidente do Brasil, Lula, enfrenta o sexto julgamento por corrupção”, afirmou a manchete da Reuters na semana passada. Para quase todos os consumidores da mídia internacional, era tudo o que precisavam saber. Combinado com o relatório da sentença em 12 de julho, poucos teriam dúvidas quanto à sua culpa.

Lula da Silva, um dos presidentes mais populares da história brasileira, deixou o mandato com uma aprovação de 80%. Ele também está na liderança para as eleições presidenciais do próximo ano. Claramente, seus oponentes – incluída a maioria dos principais meios de comunicação no Brasil – gostariam de tirá-lo do jogo.

É isso que essas acusações são? Vale a pena examinar a evidência no caso em que Lula foi sentenciado.

Lula é acusado de aceitar um suborno, sob a forma de um apartamento, da construtora brasileira OEA. A empresa comprou um prédio onde Lula estava fazendo pagamentos em um apartamento barato (cerca de US$ 67.000) para o proprietário anterior.

De acordo com o processo, a OEA remodelou um apartamento muito maior, no valor de cerca de US $ 843 mil quando terminado, e ofereceu-o a Lula pelo preço de seu apartamento original.

Quase todas as provas contra Lula são da delação de um criminoso condenado, José Adelmário Pinheiro Filho.

A primeira coisa que cheira mal é que quase todas as evidências contra Lula são dos testemunhos de Pinheiro Filho. Ele é um ex-executivo da OEA que foi um peça chave na Lava Jato.

O escândalo envolve uma corrupção maciça na Petrobras, na qual propina foi paga pelas empresas de construção para receber contratos a preços inflacionados.

Pinheiro obteve mais de 80% de sua pena de prisão de 16 anos eliminada em troca de seu depoimento contra Lula.

Claro que houve muitos julgamentos nos Estados Unidos e em outros países em que, por exemplo, um chefe da mafia ou do tráfico é condenado com a ajuda de delação de alguém mais abaixo da cadeia alimentar.

Mas, em tais casos, normalmente esperamos ver algumas provas corroborantes sérias de que o réu cometeu o crime como alegado pela testemunha criminal – talvez documentos, testemunhas oculares ou evidências físicas. No caso contra Lula, pesquisa-se em vão no documento de sentença de 238 páginas em busca de tal evidência.

Além disso, no sistema legal do Brasil, o juiz do caso, Sergio Moro, é também o promotor. Não apenas isso, mas ele é autorizado a manter as pessoas na prisão até que elas falem.

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