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Serra: “Perto do governo Dilma, a gestão Jango parece ter tido uma solidez de granito”

Da Folha:

 

Quando as luzes do painel de votação do Senado se acenderam, Aécio Neves (PSDB-MG) virou-se para o colega de bancada Cassio Cunha Lima (PB). “Pode fazer uma foto”, disse cochichando. “Esse é o retrato de um governo que está no fim.”

Foi na última terça (30), logo após o Senado aprovar um reajuste salarial de mais de 70% para os servidores do Judiciário, por 62 votos a zero, impondo uma derrota humilhante ao Palácio do Planalto.

O discurso público é mais ameno. “A presidente, a cada dia, vem perdendo as condições de governabilidade”, disse Aécio à Folha. “À crise econômica se soma uma crise social, e a cada dia eles vivem o imponderável da Lava Jato.”

Segundo pesquisa feita pelo Datafolha em junho, o senador mineiro teria 35% das intenções de voto se uma nova eleição presidencial fosse realizada hoje, e largaria na frente do ex-presidente Lula.

Aécio não é o único tucano que vê Dilma numa situação limite. Numa conversa recente com aliados, o senador José Serra (SP) disse não acreditar numa recuperação do governo e apostou que Dilma não concluirá seu mandato.

“Há uma combinação rara de crises que se auto-alimentam”, afirmou. “Na política, a tempestade não se dá apenas no Congresso, mas dentro do PT. É o governo mais fraco de que tenho memória. Perto dele, a gestão Jango parece ter tido uma solidez de granito”, concluiu.

Serra tem conversado sobre a situação com o PMDB, o partido do vice-presidente Michel Temer, seu amigo. Líderes peemedebistas também tratam do assunto com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que exerce papel moderador dentro de seu partido. FHC esteve recentemente com o senador Romero Jucá (PMDB-RR).