Apoie o DCM

‘Só melhores condições não atraem médicos a lugares remotos’

Formado por uma universidade na cidade de Tarragona, na Espanha, o médico brasileiro Claudio Lemos Simosono exerceu a medicina por mais de uma década na Europa até que, há cerca de um ano, voltou ao Brasil para atuar no programa Mais Médicos, que traz profissionais estrangeiros e brasileiros graduados no exterior para trabalhar em locais onde há carências no atendimento à saúde.

Atualmente atuando na cidade de Itajaí, em Santa Catarina, Simosono, de 38 anos, afirma que, embora tenha encontrado algumas dificuldades para trabalhar no Brasil, considera que o programa está “no caminho certo” e que pode ser “o começo de uma profunda mudança no sistema de saúde do país”.

Ele questiona o argumento de críticos do Mais Médicos de que postos no interior e nas periferias poderiam ser ocupados por médicos formados no Brasil caso fossem oferecidos melhores condições de trabalho.

“É claro que ajuda o plano de carreira, as melhores condições de trabalho e de equipamentos… mas será que solucionaria tudo? Acho que dificilmente isso seria suficiente para atrair médicos para as regiões mais remotas”.

Especializado em Medicina da Família na Espanha, Claudio Simosono falou à BBC Brasil sobre a experiência de trabalhar por 12 anos com atenção básica na Catalunha e comparou o sistema de saúde de lá com o brasileiro.

“A atenção básica na Espanha é o pilar de todo o Sistema Público de Saúde. As Unidades Básicas de Saúde atuam como eixo principal entre o paciente e os diversos níveis de atenção: urgências, consultas externas, internações, exames complementares, etc., e contam com médicos de família, enfermeiras, auxiliares de enfermagem e pediatras, com a função de ver o paciente como um indivíduo integral, auxiliando desde o inicio até o final do processo”, disse ele.

“Na Espanha, a medicina particular tem pouca atividade. Como o sistema público funciona com uma qualidade satisfatória, não é necessária a atividade particular. E o médico que trabalha no sistema público tem um contrato de exclusividade com o governo.”

Saiba Mais: bbc