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‘Terceira via’ de Marina ainda é uma incógnita, dizem analistas estrangeiros

Apontada como “terceira via” entre os candidatos à Presidência da República, Marina Silva entra na corrida oficialmente nesta quarta-feira com políticas e ideias que permanecem em grande parte uma incógnita.

O termo “terceira via” tem sido associado a Marina pela própria, além de imprensa e analistas. Entretanto, a expressão reflete um conceito baseado na reconciliação da direita e esquerda, com políticas sociais progressistas e ações econômicas ortodoxas. Teve como representantes recentes o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, trabalhista, e o ex-presidente americano Bill Clinton, democrata.

Especialistas vêem Marina mais como uma “terceira opção” à polarização PT x PSDB que tem dominado o pleito nacional há 20 anos. Bandeira que sua campanha deverá reforçar ao enfrentar a presidente Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB) na eleição presidencial.

“A terceira via implica algum compromisso entre a social-democracia e o neoliberalismo, uma nova tentativa de achar resultados positivos sociais junto com parcerias com o setor privado”, disse à BBC Brasil Anthony Pereira, diretor do Brazil Institute do King’s College de Londres.

“Realmente não está claro se Marina representa isso. Acho que por enquanto a terceira via dela representa uma opção diferente com um conteúdo indefinido.”

Desde 2010, quando foi candidata ao Palácio do Planalto pelo Partido Verde – finalizando no terceiro lugar com cerca de 20 milhões de votos, uma surpresa -, Marina já se colocava como alternativa à política convencional. Criticava o “fisiologismo” da “velha política” e defendia uma “ruptura”.

Quando tentou sair candidata investindo no lançamento do seu próprio partido, a Rede Sustentabilidade, a ex-senadora disse não ser “nem de esquerda, nem de direita”.

Com o fracasso no lançamento da legenda, surpreendeu o cenário político se aliando a Campos como candidata a vice, numa plataforma com pontos favoráveis a investidores. Aliados de ambos relataram choques de ideais entre os grupos.

“Ela como pessoa, sem dúvida, é uma terceira via. Agora, uma sustentação conceitual, programática, de planos de governo, é uma coisa que ainda estamos esperando para ver”, disse Marcos Troyjo, diretor do BricLab, da Universidade de Columbia, em Nova York.

Para Anthony Pereira, “fora da área do meio ambiente, não vejo um conteúdo muito concreto que possa chamar de terceira via”.

Saiba Mais: bbc