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Veja homenageia ‘Coronel Telhada e a direita boa de voto’

Da Veja:

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A popularidade conquistada ao longo do anos só ficou evidente para ele quando assumiu o comando da Rota, em maio de 2009. Na ocasião, Telhada seguiu o protocolo e fez uma grande festa para se apresentar à tropa. O evento lotou o quartel localizado na Luz, no Centro de São Paulo, de pessoas que queriam conhecer o coronel. “Aí eu tive a noção da minha fama. O meu filho passa pela mesma coisa agora como tenente da Rota. Em toda festa da Rota, eu não consigo sair do lugar, são duas três horas tirando foto, dando autógrafo. O pessoal leva os livros para eu autografar”, diz. Rafael Henrique Telhada, de 28 anos, foi promovido recentemente a tenente da Rota.

Como comandante e coronel, era comum Telhada receber cartas de mulheres apaixonadas que ele sempre fez questão de mostrar à esposa, sua primeira namorada, com quem é casado desde 1985. “Eu tinha um bigodão na época, tipo Pancho Vila, coisa de tenente da Rota.”

Aposentado da polícia desde 2011, Telhada mantém as obrigações como militar em dia. Pratica exercícios físicos regularmente, “porque tem uma tendência enorme de engordar”, e entra em ação quando presencia algum crime. Foi assim que chamou a atenção dos colegas parlamentares há algumas semanas quando voltou para a Câmara Municipal após o almoço com a camisa suja de sangue: minutos antes, ele lutou e prendeu um menor que tentava roubar o celular. “Qualquer cidadão pode dar voz de prisão a alguém, mas um militar tem esse dever. Eu amo ser policial, largaria tudo que estou fazendo para voltar a ser policial. Quase pirei quando me aposentei.”

Segundo Telhada, é justamente a mente treinada a reagir de forma prática que atrapalha sua adaptação como parlamentar. “O trabalho como vereador é mais burocrático, diferente do policial. No quartel, se me falam ‘vamos lá prender aquele cara’, eu vou. Se ele atirar, eu atiro de volta. Se ele morrer, dane-se. Como militar, sou muito simples.”

O jogo de cintura, porém, tem sido requisitado mais vezes nos últimos meses desde que ganhou força o movimento nas redes sociais pelo impeachment da presidente Dilma. Telhada conta que é rotineiramente convocado a liderar uma intervenção militar para retirar a petista do poder – o que ele diz ser totalmente contra. “Isso é um absurdo, se quisermos mudar o presidente, vamos mudar no voto. Se fizermos essa ilegalidade, o primeiro sangue que vão derramar será o nosso, dos militares. Eu vou perder meu filho. É meu neném que vai morrer, você acha que eu quero isso? Cansei de carregar alça de caixão. Eu não quero que ninguém morra pela liberdade do país.”

O coronel bom de voto até chegou a participar de uma manifestação recentemente na Avenida Paulista na qual subiu num carro de som para pedir a prisão dos envolvidos no megaesquema de corrupção que sangrou a Petrobras. “Eu odeio manifestação. Mas me chamaram e eu fui lá, subi no caminhão, foi legal, todo mundo bateu palmas, mas é difícil. Fico incomodado em fechar uma avenida, o cidadão quer ir para casa e eu fico lá travando o trânsito.”

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