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Vice presidente do PSDB diz que Doria sofre de “oportunismo natural”

Do Jornal GGN
O vice-presidente nacional do PSDB Alberto Goldman rejeitou, em entrevista ao Valor, a fórmula criada por figuras como João Doria Junior para se dar bem em meio à crise política: a de negar a política tradicional. Na visão de Goldman, o partido deve lançar um candidato a presidente tenha trajetória no ramo e assuma isso.
“Tem muitas interrogações [sobre 2018]. Alckmin, Serra e Aécio estão abalados pelas denúncias [da Lava Jato], o que não quer dizer que estão fora do páreo. Se será outra alternativa, tampouco há como saber agora. O que eu acho importante é que a alternativa seja alguém com história na política. Você não faz democracia sem os agentes políticos”, avaliou.
Para ele, a Lava Jato destruiu “décadas de histórias e reputações de figuras como Serra, Alckmin e Aloysio [Nunes]. Essa destruição abre espaço para o populismo. É daí que nascem os Jair Bolsonaros e João Dorias da vida e as teses de que os políticos não prestam e os empresários são purinhos.”
O tucano ainda disse que a única forma de superar essa crise é esperar a separação entre o joio e o trigo, ou seja, deixar que os acusados pela Lava Jato se defendem para saber quem tem condições de continuar na política e quem não tem.
Apesar da ponderação, Goldman falou de Serra, de quem foi vice-governador em São Paulo, como um injustiçado pela Lava Jato. O senador é acusado de receber cerca de R$ 23 milhões entre caixa 2 e propina cobrada em cima de contratos de obras do transporte público e rodovias.
“Não posso afirmar que alguém de segundo escalão, ou um diretor aqui ou ali, não tenha feito qualquer trambique. Isso é impossível dizer. A nível dos secretários e do Serra não há nada. A mesma coisa com o Geraldo. Os dois não têm luxo e moram no mesmo lugar a vida inteira. São caras simples que trabalham o dia inteiro”, comentou.
Sobre Joao Doria, Goldman apontou que tem “um agrupamento de pessoas” no PSBD “que não tem afinidade com o programa partidário” e estão na legenda por “oportunismo natural”. “Aqueles que pensam no partido, na sociedade e na social-democracia, pensam diferente. Sabem que esse cara [Doria] não tem o perfil [para ser o candidato a presidente].”
O vice de Aécio no comando do PSDB ainda indicou que Alckmin está arrependido de ter apadrinhado Doria. “Ele não vai dar o braço a torcer ou falar isso publicamente, mas imagino que deve estar pensando o que ‘eu ajudei a criar’.”