Finito: Serra trocou o sonho da presidência pelo medo de acordar com o Hipster da Federal. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 28 de outubro de 2016 às 13:59
Finito

 

Teremos condução coercitiva do chanceler José Serra? Teremos show ao vivo?

Não precisa. Teremos justiça?

De acordo com a delação de executivos da Odebrecht, ele recebeu R$ 23 milhões de reais (R$ 34,5 milhões em dinheiro de hoje) de caixa 2 na campanha eleitoral de 2010.

Os dois delatores afirmam que têm os recibos da conta na Suíça. Quem operou foi Ronaldo Cezar Coelho, ex—PSDB, atualmente no PSD, irmão do Arnaldo da Globo, escada do Galvão.

José Serra, diz a Folha, é chamado de “vizinho” e “careca” nos documentos.

A resposta dele à reportagem é um assombro. A assessoria avisa que JS “não vai se pronunciar sobre supostos vazamentos de supostas delações relativas a doações feitas ao partido em suas campanhas”. Ele “reitera que não cometeu irregularidades”.

O texto é a cara de Serra, aquela mistura explosiva de arrogância e egolatria que marcou sua carreira e vem dando o tom do ministério que ocupa.

Serra não tem mais condições de permanecer no cargo. É uma humilhação para o país. E, se fosse coerente com sua história e com a imagem que vê no espelho, ele pediria o chapéu.

Em seu livro de memórias, Fernando Henrique Cardoso faz a definição mais precisa do amigo. Vou resumir. Uma recepção importante estava marcada. Serra avisou que não ia. Todos estranharam.

FCH explicou a atitude do colega: Serra não vai a lugar nenhum onde não seja o convidado principal.

Lula está sendo submetido a um massacre, mas há algo que o ajuda nesses momentos: ele sempre esteve na mira, com intervalos de calmaria. Serra, não.

Passou por um exílio no Chile, onde conheceu a ex-mulher, Monica, e depois teve toda a blindagem e o auxílio necessários para que ficasse sossegado para fazer o que sempre quis.

Só virou manchete, agora, porque tudo tem limite. Até ele.

A ambição de disputar a presidência em 2018 era a razão para suportar um sujeito que ele reputa desprezível como Michel Temer e a corja do PMDB. Alckmin está rindo em algum lugar. FHC também. Aécio não ri porque sabe que sua situação não é melhor.

Serra sabe que está liquidado. Uma coisa era sonhar com a presidência em 2018. Outra é pensar em acordar com o Hipster da Federal.