Gilmar e Temer articulam parlamentarismo para garantir o poder aos corruptos. Por Joaquim de Carvalho

Atualizado em 18 de julho de 2017 às 13:32
Gilmar Mendes no palácio: parlamentarismo, tema da conversa, é pretexto para evitar governos populares.

Um dia depois do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, postar no Twitter uma foto com um livro sobre parlamentarismo, a Folha publica reportagem sobre o tema e crava que a mudança de sistema de governo voltou ao debate.

Em tese, Gilmar Mendes está no Supremo para ser o guardião da Constituição – este é o papel do ministro da corte suprema em qualquer democracia –, mas no Brasil ele puxa o debate para mudar o texto constitucional. É mais uma jabuticaba.

Diz a Folha:

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, tratou do tema com o presidente Michel Temer há poucos dias e os dois ficaram de retomá-lo em breve.

“Tem de haver uma redução dessa multiplicidade de partidos para que o sistema se consolide. O nosso presidencialismo esgarçou-se demais”, observou Gilmar.

“Dos quatro presidentes pós-1988, só dois terminaram os mandatos. Há algo de patológico. Eu quero contribuir para a discussão.”

Conversa.

A direita brasileira sempre colocou o tema do parlamentarismo na mesa para evitar governos populares.

Foi assim em 1961, quando Jânio renunciou. Foi assim também na Constituição de 1988.

A população foi consultada duas vezes, através de plebiscito, e rejeitou a ideias nas duas ocasiões.

Segundo a Folha, o senador José Serra (o Careca da Odebrecht) já convenceu o presidente do Senador, Eunício de Oliveira, a instalar a comissão que vai analisar uma proposta de emenda constitucional de Aloysio Nunes Ferreira, o grande defensor da democracia… na Venezuela. (por aqui, incineram-se 54 milhões de votos sem problema e se diz que as instituições funcionam plenamente).

A comissão será instalada em agosto.

O parlamentarismo reforça o poder do Congresso, de onde viria a sustentação do primeiro-ministro.

No Brasil, implantado o sistema, ganhariam políticos que têm o controle sobre o parlamento – conquistado você sabe como.

Michel Temer e Aécio Neves seriam candidatíssimos a primeiro-ministro.

Um acaba de derrubar na CCJ o relatório que determinava seu afastamento por denúncia de corrupção.

O outro conseguiu sepultar no Conselho de Ética do Senado a proposta de cassação de seu mandato, também por responder à denúncia de corrupção.

É este o Brasil e os brasileiros que Gilmar Mendes defende.

O parlamentarismo é só um pretexto para afastar o povo do poder e impedir o avanço dos direitos sociais.

.x.x.x.

PS: A proposta de Aloysio Nunes Ferreira prevê parlamentarismo a partir de 2022. Mas essa discussão, feita agora, é do tipo “se colar, colou”. Quem puxa o debate, Gilmar e Temer, têm poder que não se origina da vontade popular, mas nas articulações palacianas.