Glória Pires foi quem menos teve culpa no vexame do Oscar. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 1 de março de 2016 às 12:52
O público queria informações e ganhou memes
O público queria informações e ganhou memes

Glória Pires foi quem menos teve culpa pelo vexame do Oscar.

Ela não se escalou para fazer comentários.

A responsabilidade é da Globo por tê-la colocado lá.

É uma pequena amostra da incompetência da Globo, uma empresa que cresceu à base de “favores especiais” (a expressão é de Roberto Marinho) de sucessivos governos à base de dinheiro público.

O custo de você ser objeto de mamatas é que você se torna inepto. Você não precisa ser bom. Tudo lhe cai no colo.

Murdoch tinha que ser bom para florescer. Os Marinhos tinham apenas que reclamar, às pessoas certas, seus “favores especiais”.

O caso de Glória Pires é exemplar.

É uma brutal demonstração de inépcia convidá-la para participar de uma cerimônia de entrega de Oscar.

Que conhecimento ela tem para agregar qualquer coisa?

Ela tinha que, pelo menos, ter visto os filmes. Pelo menos. O mínimo de conhecimento de cinema e de Oscar também era imperioso.

Mas ninguém na Globo parece ter-se dado conta disso.

O público nas redes sociais percebeu logo. No Twitter, Glória Pires começou a viralizar logo depois de suas primeiras intervenções.

Não havia ninguém na Globo vendo o papelão? Ninguém na retaguarda para dar um recado aos apresentadores? Alguma coisa básica: “Evitem fazer perguntas a ela que a coisa tá feia.”

Não.

O desastre se consumou sem que ninguém interviesse para salvar Glória e, mais que ela, a audiência, que buscava análises e ganhou humor indesejado na forma de memes.

A tv brasileira é sofrível. Recentemente, ao ver jogos do Aberto da Austrália, os comentaristas  da ESPN se superaram nas asneiras.

Uma delas, narrada por um amante do tênis no Facebook: “Andy Murray sobe à rede e erra um voleio e o locutor pergunta ao comentarista, um ex-tenista: “Mas como se erra um voleio desse, fulano?”. E fulano responde: “Desculpe, sinceramente eu não vi, tava distraído aqui olhando o vestidinho da ‘Vênus’ [Williams] (jogo que a emissora mostrava em outro canal.)”

A quem apelar?

Publicamos no DCM a pataquada da ESPN e, no dia seguinte, os locutores e analistas  apresentaram o mínimo de informações.

Nos dois casos, o do Oscar e o do tênis, a preguiça dos comentaristas se juntou à cegueira permissiva das emissoras.

Só não digo, quanto a Glória Pires, que ela foi vítima porque ela aceitou o convite obtuso que lhe foi feito.

Mas ainda assim: é uma atriz, vive da imagem, e como recusaria uma oportunidade daquelas?

Faltou a ela, é certo, noção, aquela coisa que faz você se empenhar em saber o básico pelo menos de um assunto em que vai ser chamado a palpitar diante de milhares de espectadores.

Numa escala de 0 a 100, ela fica com 10 da culpa pelo vexame sensacional do Oscar. Os demais 90 são da Globo.