“Há falta de água”: a admissão cínica e tardia da presidente da Sabesp sobre a crise hídrica em SP

Atualizado em 4 de novembro de 2014 às 12:55

agura

 

O depoimento de Dilma Pena na manhã de quarta-feira na CPI da Sabesp deixou evidente o que todos já sabiam: há falta de água em diversos bairros da capital. A admissão aconteceu três dias depois da reeleição de Alckmin.

Utilizando-se de discurso tecnicista, a presidente da Sabesp chegou a afirmar que a falta de água se dá em bairros onde os lotes não ultrapassam 80 metros quadrados e com 3 ou 4 pavimentos.

A petulância de seu depoimento levou a declarar que a cidade irregular não possui cisternas para armazenamento, daí o racionamento em alguns bairros.

Para os ouvintes só faltou dizer que falta de água é coisa de pobre.

Com uma claque formada de técnicos da Sabesp que a aplaudiram com veemência similar à referência dada a FHC no último debate presidencial, Dilma Pena foi evasiva quando questionada sobre quais seriam as consequências para o abastecimento da cidade caso fosse vetada a retirada da 2ª fase do volume morto do Sistema Cantareira.

Seu comparecimento à CPI da Sabesp só aconteceu em razão de convocação aprovada após convite rejeitado antes das eleições do último domingo.

Dilma Pena abusou de apresentação de quadros técnicos no ilusório “powerpoint” quando o assunto foi investimentos na redução de perdas.

Declarou que redução de perdas é algo “lento, gradual e caro”.

Quando questionada sobre empresas de ex-diretores da Sabesp contratadas para reduzir o desperdício no sistema de distribuição, afirmou que cabe aos órgãos competentes investigar.

Dilma Pena ainda ouviu do promotor de Meio Ambiente da capital, Ismael Lutti, que a ARSESP não faz controle social da água, obrigatoriedade da agência reguladora.

Questionada pela CPI sobre a descarga de esgoto na Guarapiranga, afirmou que o assunto foi pontual e que a represa é muito bem cuidada pela Sabesp.

Seu depoimento não convenceu. Prevaleceu o dissimulado discurso oficial: há redução de pressão nas torneiras.

Na próxima quarta feira, Dilma Pena volta para novo depoimento na CPI. Não dirá nada. E por mais quatro anos.