Haddad fala ao DCM na TVT: “Estamos no limite da barbárie”. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 11 de julho de 2016 às 8:07

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O prefeito de São Paulo Fernando Haddad recebeu a equipe do DCM na TVT no prédio da prefeitura no Viaduto do Chá.

Haddad encara o maior desafio de sua carreira na política, a reeleição, num momento particularmente complicado.

A última pesquisa do Ibope, divulgada em 21 de junho, o coloca em quarto lugar com 7%, atrás de Celso Russomanno (26%), Marta Suplicy (10%) e Luiza Erundina (8%). Está um ponto à frente de João Doria, o menino dourado de Alckmin.

Erundina, em especial, é uma pedra em seu sapato. Vai dividir os votos. Em 2012, ela havia acertado que seria sua vice. Os dois fizeram fotos, fumaram o cachimbo da paz, combinaram tudo num fim de semana.

Na segunda feira, Haddad soube, através da imprensa, que ela havia desistido, alegando que estava chocada com a aliança com Paulo Maluf. Ela não retornaria os telefonemas de Fernando Haddad. Recentemente, o chamou de “medíocre”.

Quem ocupa a vaga de vice, hoje, é Gabriel Chalita, ex-PMDB, atualmente no PDT. Para uma parte dos eleitores de Haddad, traumatizada com Temer, Chalita é uma mala pesada demais para carregar.

Haddad discorda e lembra da demonstração de fidelidade do homem, que foi convidado por Temer em setembro do ano passado para ser ministro da Educação e recusou.

“Todos os processos contra ele foram arquivados”, diz Haddad. “Conheço Chalita há 10 anos, ele saiu do PMDB e foi para o PDT quando o convidaram para o ministério. Poucos políticos teriam tomado essa atitude. Chalita foi do conservadorismo para a ala progressista”.

Nas últimas semanas, pelo menos duas polêmicas atingiram de frente seu governo: a morte de sete sem teto pelo frio e a denúncia de que a Guarda Civil Metropolitana tirava cobertores e caixas de papelão deles; e a suspensão da verba da Casa Hope, que cuida de crianças com câncer.

“Em ambos os casos, eu agi assim que soube dos problemas. Não houve recuo”, diz. “Já afastei os maus policiais da GCM. Sobre a Casa Hope, eu fui avisado por um amigo do que estava ocorrendo. Houve uma enorme exploração por parte da imprensa e de vereadores. O governo do estado rompeu com a Casa Hope e não aconteceu nada”.

O Brasil, segundo Haddad, está sofrendo uma ruptura radical. “Os mais pobres ainda não têm clareza disso, eles são as maiores vitimas. Não sei se vai dar tempo de o povo acordar. É muito grave. Quem precisa de saúde, educação, transporte e cultura precisa estar atento. Desde a Constituinte nunca corremos tanto risco como agora. Estamos no limite da barbárie”, diz. “A mídia tradicional comprou o projeto de Temer e vai apostar todas as fichas nele.”

“A partir de minha eleição, os programas populares começaram a me atacar. A Band tem o Datena, a Record tem o Russomanno, as concessões públicas de TV estão servindo a um projeto de poder próprio”, afirma.

“Chegaram a falar que o rapaz que foi morto pela polícia há algumas semanas durante uma fuga estava fugindo da indústria da multa. Estamos chegando a um nível que extrapola as condições de civilidade”.

As participações dele em programas da Jovem Pan, a rádio mais direitista do Brasil, abertamente hostil à sua administração, causaram barulho. Embora tenha se saído bem, os críticos duvidam que isso lhe renda algum voto.

Na Jovem Pan, deu um banho no historiador do PSDB Marco Antonio Villa — o início de uma bela inimizade, que culminou num trote de Haddad.

No Pânico, lidou com a desinformação agressiva de um comediante chamado Carioca, um genérico de Danilo Gentilli. “Eu vou a esses programas para demostrar a fragilidade dos argumentos deles. Vale a pena mostrar para o ouvinte o que eles fazem, a falta de preparo, de estudo… É um circo. A entrevista que dei para o Villa é citada em aulas de jornalismo. Eles têm audiência e eu preciso mostrar que é tudo jogo de cena”.

Eis alguns trechos do programa. Ele vai ao ar no próximo domingo, dia 17, a partir das 20h30 na TVT.