Interessada na auto preservação, a cracolândia do Planalto não se importa em destruir o Brasil. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 30 de maio de 2017 às 17:25
Doria e Temer no Fórum de Investimentos

As veias abertas do governo Temer são um espetáculo dantesco de auto preservação.

Michel, vendido pela mídia como um “político hábil”, passa seus dias construindo acordos com uma corriola no sentido de obstruir a Justiça, manter-se no poder e escapar da cadeia a qualquer custo.

Ninguém faz mais questão alguma de manter as aparências. “A agenda da Câmara é a do mercado”, resumiu Rodrigo Maia num tal Fórum Investimentos Brasil 2017.

Na companhia das principais lideranças do PSDB, seus sócios no golpe, Temer vendeu um peixe a empresários que, como sempre, não encontra respaldo na realidade.

“Não permitiremos – e houve momentos de medidas populistas – que voltem a colocar em risco o presente e o futuro dos brasileiros”, disse Michel a um público de investidores “de mais de 40 países, de mais de 20 setores” — segundo ele mesmo, que organizou a palhaçada.

“Não há plano B”, declarou o sujeito que nunca foi plano A nem para si mesmo.

Aloysio Nunes, Geraldo Alckmin e João Doria estavam lá para prestar seu apoio e se imolar no altar de uma democracia de araque.

“Mantenham suas esperanças no Brasil. Mantenham seus investimentos aqui”, pediu Doria.

Aloysio, o chanceler mais inapropriado desde José Serra, garantiu: “Senhor Presidente, o senhor entregará em 1º de janeiro de 2019 ao seu sucessor um país muito melhor do que o que recebeu”.

Alckmin, alisando a careca, atacou com a platitude de que “o Brasil não quer populismo”, repetindo o mantra de MT que fica ainda mais estúpido diante da sucessão de evidências de assalto à mão armada.

Há um dado da natureza nessa farsa, combinado com o caráter baixo desses homens públicos. O instinto de se proteger colocará suas carreiras à frente do país. Se isso destrói o país, como acontece, dane-se.

Essa conduta pequena, egoísta e incontrolável está tornando o Brasil mais instável, imprevisível e perigoso.

Como é guiado pela lógica da máfia, Temer acaba se embaralhando em suas próprias malandragens.

Deputados do PMDB do Paraná se recusaram a assumir os ministérios da Transparência ou da Cultura.

Com isso, Rodrigo Rocha Loures, o “Rodriguinho”, seu homem da mala, segue sem foro privilegiado.

O medo é de Rocha Loures, fraco e subserviente, que tem todos os segredos do patrão, fazer delação premiada.

Quanto Michel e sua corja não estão movimentando de dinheiro para colar seus traseiros à cadeira?

Embora adore apelar para a Constituição, a cracolândia do Planalto tem sua ética própria e suas regras.

Nenhuma delas diz respeito a uma ideia republicana de nação, mas de como conseguir mais drogas para ficar de pé — nem que seja por mais um dia.