Investimento em anúncios no jornalismo impresso tem maior queda desde 2009. Por José E. Mendonça

Atualizado em 27 de outubro de 2016 às 16:12

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O Facebook lançou esta semana um novo website destinado a jornalistas, para que se iniciem no uso dos produtos da mídia social e melhorem sua produção.

“Além das diretrizes e instruções, estamos pegando grandes exemplos destes usos”, disse Aine Kerr, gerente de parcerias jornalísticas do Facebook.

“Nossa esperança é que seja muito informativo para as redações, mas também uma experiência muito colaborativa e inspiradora para jornalistas que vêm usando estas ferramentas em suas próprias redações”, afirmou ela.

Além de cobrir os elementos básicos do uso da plataforma, tais como as diferenças entre perfis e páginas, como ser verificado , ou opções de privacidade, o treinamento é feito sobre três pilares que refletem como jornalistas usam mídia social nas redações hoje. Eles são o levantamento e monitoramento de notícias, a transformação delas em matérias e o envolvimento da audiência.

São apenas 15 minutos. Para acessar o treinamento, os jornalistas precisam fazer log in na plataforma Blueprint com suas contas de Facebook.

O treinamento será expandido com webinars e a tradução do curso em diversas línguas no mês que vem. O primeiro webinar é no dia 3 de novembro.

O website foi desenvolvido depois de reuniões entre a equipe da Facebook News Partnership e organizações de mídia, e ela vai continuar a atualizar o treinamento baseado no feedback.

Jornalismo impresso encerra seus dias de glória

Na semana passada, surgiu uma discussão nas publicações especializadas sobre se as editora de notícias deveriam ter entrado no mundo digital. É uma questão controvertida,  mas em uma coisa todos concordam: os dias de glória do jornalismo impresso se foram, e faz algum tempo.

Isto não quer dizer que ainda não possa ter um papel em estratégias de publicação, mesmo que seja em grande parte para administrar o declínio enquanto as empresas achem outros meios de encontrar receita, comenta o Media Briefing.

Nem quer dizer que a qualidade do jornalismo cairá com o declínio. Afinal, o meio não é a mensagem. A grande questão é: o que as empresas irão fazer com seus ativos impressos?

Números na semana passada foram ruins por todo canto. Os resultados financeiros desaapontam e as expectativas de gastos em publicidade não são boas.

O Wall Street Journal resumiu bem o problema: “O investimento global em anúncios impressos deve cair 8.7%, para U$ 52.6 bilhões em 2016, de acordo com o GroupM. Isto seria a maior queda desde a recessão, quando foi de 13.% mundialmente em 2009”.

A Poynter nota que mesmo com o efeito salvador de anúncios impressos onde eles permanecem relativamente vigorosos, a saúde global não parece ser das melhores.

Muitos editores se esforçam para restabelecer o valor de sua audiência digital para anunciantes, ou mudando como anúncios sao vendidos, ou com a introdução de novos formatos (o conteúdo patrocinado e nativo foi visto como o melhor potencial para conseguir receita em 201, de acordo com o estudo State of the Media 2017).

O que as empresas podem fazer face à queda de receita do impresso, particularmente no que parece outro ano difícil em termos de gerar renda?

Uma esperança pode ser o exemplo do jornal inglês Independent, que voltou ao lucro depois de 23 anos ao abandonar sua versão impressa. Seu dono, Evgeny Lebedev , que tomou a decisão em meio à incredulidade geral, já disse esperar que outros jornais façam o mesmo. “Ao optarmos pelo online, nos livramos da estrutura pesada do impresso e ficamos mito mais flexíveis”, afirmou ele.

Wikipedia equilibra a baixaria na internet

Sonhamos um dia que o milagre da comunicação barata e instantânea desse maior coesão ao tecido social. Aconteceu o oposto e reina a baixaria.

Graças à Web, podemos nos fecharmos com pessoas que pensam como nós. Em vez de encontrarmos território comum, damos pontapés no outro lado ideológico – da maneira mais desagradável possível, porque a distância de nosso discurso online nos dissocia das consequências dele, comenta o Washington Post.

A Wikipedia está longe de ser perfeita, e é conhecida por ser pedante, sexista e por suas épicas batalhas de edição. Maas apesar de todas as forças que a empurram para o caos, o site conseguiu conquistar espaço na internet onde as pesoas podem ter conversas mais sãs e produtivas, e que mais convergem para uma versão da verdade.

Uma pesquisa recente da Harvard Business School sugere que a Wikipedia se tornou cada vez mais equilibrada no curso de seus 15 anos de história. Uma análise dos artigos políticos mostra que era fortemente tendenciosa à esquerda, mas com o tempo foi se aproximando do centro.

Mais interesssante ainda é que a Wikipedia parece exercer uma influência moderadora sobre seus contribuintes. Muitos locais na internet existem para inflamar paixões partidária, mas parece que trabalhar na Wikipedia pode na verdade desradicalizar as pessoas.

Os pesquisadores analisaram mais de 70 mil artigos diferentes sobre política americana, comparando as mudanças diferentes feitas por cada uma das 2.9 milhões de pessoas que editaram estas páginas entre 2001 e 2011.

Perceberam que, com o tempo, os contribuidores se tornaram muito menos partidários – ou pelo menos soavam assim. Muitos começaram sua carreira no site usando muita linguagem de esquerda ou de direita, mas depois de alguns anos começaram a adotar uma linguagem mais neutra.