Joaquim Barbosa é o nosso Thatcher

Atualizado em 18 de abril de 2013 às 15:10

Raras vezes alguém atraiu tanta raiva como JB com sua continuada inclemência.

117395
Nosso Thatcher

Saulo Jagger, meu amigo, me fez uma pergunta: quem é nosso Thatcher?

Ele ficara impressionado com a alegria irreprimível que se espalhara pelo Reino Unido com a notícia da morte de Margaret Thatcher.

Na amostra mais formidável deste ódio, as pessoas levaram uma música velhíssima do Mágico de Oz ao topo da parada de sucessos ao comprá-la obsessivamente: Ding Dong! The Witch is Dead.

Não soube o que responder na hora. A resposta mais óbvia não era a melhor: Serra.

As malvadezas de Serra, como o célebre atentado da bolinha de papel, não são bastantes para credendiá-lo a um ódio nacional tão forte como o dedicado pelos britânicos a Thatcher. Até porque ele não teve poder suficiente para causar estragos.

Mas agora ficou claro para mim quem é nosso Thatcher: é Joaquim Barbosa.

Muitas garrafas de uísque ou de cachaça haverão de ser abertas para comemorar a notícia de sua morte, por mais anos se passem depois que ele saia dos holofotes. No caso de Thatcher, foram cerca de 25 anos.

O que me trouxe o nome de JB à mente para a pergunta de Saulo foi o gesto de abjeta mesquinharia dele de negar mais prazo de recursos aos réus do mensalão.

Ora, a cada dia que passa, crescem as dúvidas em relação ao caso. E estamos falando em penas de vários anos de cadeia.

Mesmo juízes do Supremo que condenaram os réus admitiram que se deve dar mais prazo para os recursos.

Mas Barbosa não: permaneceu agarrado a sua monumental falta de grandeza.

A quem ele agrada assim? À justiça? Talvez não, tantas são as dúvidas em relação ao julgamento.

À Globo?

Com certeza. Mas sabemos todos quais são os reais interesses da Globo: basta olhar para a lista de bilionários da revista Forbes.

Tenho para mim que Barbosa imagina que a bajulação que recebe da Globo, ou da Veja, é suficiente para garantir um bom lugar na posteridade.

Mas é uma ilusão.

Murdoch louvou Thatcher em todos os momentos: em sua chegada ao poder, durante os dias de primeira ministra e na vida pós-Downing Street.

Mas não foi Murdoch que prevaleceu no julgamento popular da era Thatcher. A condenação veio da voz rouca das ruas, que empresa de mídia nenhuma controla, por maior que seja – e o império de Murdoch faz o dos Marinhos parecer a Gazeta de Pinheiros.

Barbosa é a negação do brasileiro tolerante, cordial, simpático, magnânimo.

E exerce o poder que lhe caiu no colo num acaso lastimável com uma severidade e uma impiedade que parecem muito acima de sua competência como magistrado.

É o nosso Thatcher.