Leitor relata vida no sertão antes e depois de Lula e conclui: por isso o perseguem

Atualizado em 14 de julho de 2017 às 4:39
A transposição do São Francisco: não era prioridade porque beneficiaria um país ignorado.

Recebemos este relato na seção de comentários de um leitor que se identifica como Ari.

Aqui cheguei – área rural do norte da Bahia – em 1999, fim de uma grande seca. Pouco tempo antes, FHC, pressionado por Marco Maciel, visitara uma cidade do Ceará. Lá ficou duas horas e voou para Praia do Forte, em Salvador. Afinal, ninguém é de ferro. Passava-se fome e, naquele último ano da seca, muita gente sobreviveu de caça, quando caça havia. A única ajuda do governo era uma cesta básica, distribuída pelas prefeituras. Só recebiam os correligionários do prefeito.
O transporte comum era o jumento – o cavalo era muito caro. Alguns tinham bicicleta. Moto? Uma raridade. Carro? Tá doido, homem? Veio o Lula. Enfrentamos a pior seca de nossa história recente sem pagarmos o pesado imposto de mortes tão comum no passado graças sobretudo ao bolsa família e ao salário mínimo valorizado. Cheguei a comprar milho a preço de Sorriso, uma das iniciativas da Dilma para minorar o sofrimento do sertanejo. Fome é coisa do passado e hoje é rara a casa que não tem uma moto e mesmo, em alguns casos, um carrinho. Velho, mas andando. Ah, posso usar o computador graças ao Luz para Todos.
Zelita, minha vizinha, aproximadamente 45 anos, analfabeta, no dia da votação em 2014 disse que iria votar na Dilma, pois ela e o Lula “foram os únicos governos que fizeram alguma coisa por nós”. Hoje o Lula é quase unanimidade por aqui.
Enquanto isto, um outro vizinho, médico rico e bem sucedido, disse-me uma dia que não concordava que tirassem seu dinheiro para dar a esses vagabundos (bolsa família), frase repetida com palavras mais amenas por um pastor batista numa rádio de Juazeiro, Bahia.

É tão difícil entender a perseguição a Lula?