Liu Bolin, o “homem invisível”, é o novo super-herói chinês

Atualizado em 24 de outubro de 2014 às 16:32

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Liu Bolin é a personificação do grande artista. Inovador, criativo, inteligente, questionador, estético. Ao mesmo tempo, é também o anti-artista de alguma forma, pois esconde-se ao invés de tentar aparecer como faz a vasta maioria. Mas se alguma coisa a historia da arte ensinou é que neste ofício, quem faz diferente tem mais chances de se destacar. E Liu se destacou se escondendo.

Seu trabalho é performático. Ele vai a locações, se pinta como seu plano de fundo, fotografa e fica ali imóvel por alguns momentos, esperando ser notado – ou não. É uma crítica às sociedades modernas, onde, segundo o artista, os indivíduos “somem” – e Liu sabe bem o que é viver escondido no meio da multidão, afinal seu país de origem, a China, é o mais populoso do mundo.

Nascido em Shandong, província costeira da China com quase 100 milhões de habitantes, Liu se formou em artes plásticas na Faculdade de Artes de Shandong e posteriormente tornou-se mestre na Academia Central de Belas Artes, em Pequim, onde vive até hoje aos 41 anos.

Liu ganhou fama em 1998, após sua primeira exibição exclusiva. Desde então, suas fotografias foram exibidas em festivais, museus e galerias na França, Itália, EUA e China. Mas em 2010, sua obra sofreu uma reviravolta: ele apresentou “Escondendo-se Na Cidade”, em que ele se tornava uma instalação viva, pintada e muito difícil de se notar.

Embora a crítica por trás da série seja a forma como as cidades se tornam impessoais (e as pessoas, invisíveis), Liu teve por inspiração inicial o desaparecimento de uma série de artistas, atribuída à uma possível intenção do governo Chinês de controlar o que poderia ser considerado contra-propaganda.

Liu, então, passou a fazer esse protesto silencioso. E as obras resultantes desse protesto passariam a ser incluídas, posteriormente, na série de instalações e retratos “O Homem Invísível”.

Em 2013, Bolin deu sequência à série e abriu seu trabalho para a publicidade. Fez algumas campanhas e a capa do último álbum do Bon Jovi. Mas os grandes destaques e os melhores trabalhos são os pessoais, com destaque para a performance “The Red Theatre”, em que não apenas ele, mas vários espectadores somem dentro de um teatro com velhas poltronas vermelhas.

Liu se fez, através da arte, quase que um super-herói com poderes mágicos de desaparecimento; viveu a fantasia de muitos meninos de sumir para poder entrar no vestiário feminino; tornou possível o impossível e imaginável o inimaginável; e ainda foi capaz de conduzir pacificamente e de forma pura, um questionamento político.

Por tudo isso, Liu Bolin foi maior artista de 2013.

 

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