Livro de Eduardo Reina disseca o sequestro de filhos de militantes de esquerda por militares na ditadura

Atualizado em 19 de março de 2019 às 23:12

Trinta e quatro anos depois de ter sido proclamada extinta, a ditadura militar (1964-1985) tem histórias que estão longe de ter acabado.

Histórias que ficaram escondidas da população e dos livros.

De sequestros e apropriação de bebês, crianças e adolescentes filhos de militantes de esquerda ou de pessoas contrárias ao regime.

Como um butim de guerra, as forças militares se apropriavam dessas vítimas, chamadas de “filhos de subversivos”, de “bebês malditos”.

Na Argentina, há registro de 500 casos desse crime bárbaro.

No Brasil, o repórter Eduardo Reina, colaborador do DCM, depois de ampla investigação, descobriu 19 casos de sequestro de bebês e crianças pela ditadura.

Na terça-feira, 02 de abril, às 19h, o Centro Universitário Maria Antonia, da Universidade de São Paulo (USP), recebe o lançamento do livro Cativeiro sem fim de sua autoria.

A obra é uma parceria com o Instituto Vladimir Herzog e Alameda Casa Editorial e conta as histórias de 19 bebês, crianças e adolescentes que foram sequestrados pelos militares – 11 ligadas diretamente à Guerrilha do Araguaia e outras oito no Rio de Janeiro, em Pernambuco, no Paraná e no Mato Grosso.

Com a ajuda de representantes do Exército, servidores públicos, funcionários de instituições e de cartórios, as vítimas foram entregues a famílias de militares e a pessoas ligadas aos órgãos de repressão.

Algumas ainda procuram seus pais biológicos – outras continuam desaparecidas.

O livro traz mais do que apenas relatos de sequestros e desaparecimentos.

É o registro dos atos – jamais admitidos ou investigados – praticados por agentes da repressão aos movimentos de resistência e demonstra o terrorismo cometido pelo Estado durante o período.

No lançamento, acontece um debate com o autor do livro, Eduardo Reina, Caco Barcellos, responsável pelo prefácio da obra, e Eugênia Gonzaga, procuradora regional da República e presidente da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos.

Lançamento do livro Cativeiro Sem Fim
Data: 02 de abril (terça-feira)
Horário: 19h
Local: Centro Universitário Maria Antonia – USP
R. Maria Antônia, 258/294, São Paulo – SP

x.x.x.x

Para o DCM, Eduardo Reina escreveu diversas reportagens com informações exclusivas e inéditas do período militar e  de Jair Bolsonaro.

Numa delas, em setembro passado, durante a campanha presidencial, revelou o caso da multa que o então deputado e hoje presidente recebeu do Ibama por pescar em área de proteção ambiental – e como enfrentou no STF ação por crime ambiental.

Em outra reportagem de grande impacto, apresentou documentos inéditos que comprovam a utilização de bombas de napalm na região do Araguaia, em 1972.

A relação de Bolsonaro com grupos que fazem apologia ao nazismo foi alvo de investigação do Ministério Público Federal de Minas Gerais e contada por Eduardo Reina – revelou uma carta enviada por Jair a um dos condenados e integrantes do grupo.

Bolsonaro e Marco Antônio Santos, neonazista e ex-candidato a vereador