Luisa Mell marcou uma nova etapa no ativismo pró-animais no Brasil

Atualizado em 17 de outubro de 2014 às 17:16
Uma mulher e sua paixão
Uma mulher e sua paixão

A ativista Luisa Mell, 36 anos, carreira discreta na tevê brasileira, ganhou merecidamente os holofotes nos últimos dias.

Ela ajudou a empurrar para um novo patamar, no Brasil, a questão dos testes feitos com animais. Luisa foi o rosto por trás da cinematográfica libertação de beagles confinados num instituto de pesquisas em São Roque.

Graças a ela e outros ativistas, os brasileiros ficaram sabendo coisas relevantes. Por exemplo, na Europa já não são permitidos testes com animais para a produção de cosméticos. No Brasil, ainda são, mas provavelmente deixarão de ser em breve depois do caso dos beagles.

Também se soube que existem cientistas ganhando um bom dinheiro público – é o caso do Instituto Royal, invadido por Luísa e companheiros de causa – sem que haja qualquer transparência sobre suas atividades.

O caso dos beagles marca uma nova etapa no ativismo animal no Brasil. Episódios como o de São Roque são comuns em outros países, e foi da pressão dos ativistas que os testes com animais passaram a ser controlados, e não raro proibidos, por governos.

Luisa Mell fala e escreve com paixão e conhecimento sobre os animais. A profundidade com que se expressa pode surpreender quem associa televisão, o mundo dela, à superficialidade e à frivolidade.

No calor dos últimos dias, soube-se que ela pode ser também uma polemista indigesta para quem está do outro lado.

Num texto que ela publicou em sua conta no Facebook – na manhã desta quarta já havia 33 000 likes e 11 000 comentários — Luisa nocauteou espetacularmente o blogueiro Reinaldo Azevedo.

Azevedo chamou os ativistas de criminosos, bandidos e trogloditas. Luisa notou a semelhança entre seus métodos e dos pastores fundamentalistas que não permitem a livre discussão. Azevedo é conhecido por censurar comentários desfavoráveis a suas opiniões.

Depois, numa analogia com o pato, ela notou que Azevedo fala sobre tudo – de Caetano a infringentes, de gramática a filosofia, de política a pesquisas com animais. “O pato voa, nada e corre”, escreveu ela. “Corre mal, nada mal e voa pior ainda.”

Na tevê, em emissoras de segunda linha, Luisa Mell não chegou ao estrelato. Mas como defensora dos animais ela acabou se tornando uma das personalidades mais interessantes do país – e merece o aplauso de pé do DCM.