Lula, Moro e o futebol como metáfora. Por Joaquim de Carvalho

Atualizado em 8 de maio de 2017 às 16:01

Era uma vez um homem escolhido para verificar os erros e os acertos das partes em disputa.

Uma das partes atuava melhor e vencia a contenda, com um resultado indiscutivelmente superior.

Até que a parte derrotada, apoiada por uma multidão barulhenta, cometeu uma ilegalidade e igualou a disputa.

O homem chamado para verificar os erros e os acertos da parte, em vez de invalidar o ato ilegal, legitimou a ação e não escondeu sua vibração com o avanço de um dos lados em contenda.

Você acha que este homem é Sérgio Moro.

Poderia ser.

Mas estou falando do árbitro da final do Campeonato de Futebol do Rio de Janeiro.

Diante dos olhos dele, o zagueiro do Flamengo fez falta em um jogador do Fluminense.

O árbitro não só ignorou a falta como, ao ver que, na sequência, o artilheiro de seu time fez o gol, vibrou.

O vídeo mostra o gesto com a mão.

Este homem não poderia ter sido escolhido para apitar a final do Campeonato.

Assim como Moro não tem condições de julgar Lula, já que se tornou parte no processo.

No caso do futebol, a comissão de arbitragem saiu em defesa do árbitro.

No caso de Moro, a Associação dos Juízes Federais (Ajufe) também cerrou fileiras, participa como assistente em todas as ações em que Moro, direta ou indiretamente, é cobrado por parcialidade.

A Ajufe faz ainda uma campanha de intimidação a quem questiona seu afiliado:

Mexeu com um, mexeu com todos.

A Comissão de Arbitragem da Federação do Rio de Janeiro não chegou a tanto.

Mas um dia, mais tarde — espero que não tão tarde — , quando olharmos com atenção todas as imagens da Lava Jato, veremos, em alguns momentos, a mãozinha de Moro vibrando com o gol ilegal de seu time.

Os dois casos explicam muita coisa.

O futebol é a melhor metáfora da vida.