Marcas estão cada vez mais preocupadas com notícias falsas. Por José Eduardo Mendonça

Atualizado em 12 de dezembro de 2016 às 13:34

LONDON, ENGLAND - AUGUST 03: A person holds an iPhone displaying the Facebook app logo in front of a computer screen showing the facebook login page on August 3, 2016 in London, England.  (Photo by Carl Court/Getty Images)

 

Apple quer passar filmes enquanto ainda estão no cinema

A Apple está em discussões com grandes estúdios para oferecer acesso fácil a filmes cerca de duas semanas depois de terem sido lançados em cinemas. Isto aponta uma tendência crescente de conteúdo de vídeo acessado e consumido on demand.

Warner Bros. e 21st Century Fox acreditam que o iTunes é uma opção para streaming de seus filmes. Mas podem fazer opção totalmente diferente. Embora as discussões ainda estejam no início, vai custar entre 25 e 50 dólares o streaming de novos lançamentos no cinema.

O preço está alinhado com outro serviço de streaming anunciado antes neste ano. O Screening Room, do fundador do Napster, Sean Parker, tem um conceito semelhante ao da Apple, e algumas diferenças. Os consumidores, por exemplo, teriam de comprar um decodificar de U$ 150 para poderem fazer  o streaming.

Muitos se preocupam com a pirataria. De acordo com a Bloomberg, há preocupações de que o iTunes possa não ser “uma plataforma segura para oferecer filmes ainda nas telas”. Isto porque a maioria das pessoas tem como alugar o filme e registrá-lo com uma câmera, sem que ninguém fique sabendo. O Screening Room tem uma marca d’água para impedir este tipo de ação.

Os estúdios buscam streaming como fonte adicional de receita. As receitas de bilheterias nos EUA permanecem estagnadas desde 2010.  Nem todos querem ir até um cinema, ou ficar numa fila, preferindo o conforto do streaming. Faz sentido que Apple e Screening Room mirem estes segmento.

Marcas estão cada vez mais preocupadas com notícias falsas

O debate crescente sobre notícias falsas e os sites da chamada “alt-right” (extrema direita) vem aumentando a ansiedade de anunciantes que não sabem exatamente onde seus anúncios irão aparecer. Isto é particularmente verdadeiro para os anúncios programáticos.

Mike Baker, CEO da DataXu, uma plataforma de compra programática, disse que houve um aumento de clientes manifestando preocupação de que seus anúncios apareçam nestes sites ou perto de conteúdo com notícias falsas ou racismo. “O que temos visto é um temor do discurso de ódio”, disse ele.

Dependendo do tipo de método de transação programática usado, fica difícil para anunciantes saber com certeza onde seus anúncios irão aparecer.

Mesmo antes da discussão sobre o fenômeno das notícias falsas, os anunciantes vinham expressando temores crescentes sobre transparência – de acordo com a Forrester Consulting. Isto agora é uma preocupação para 59% deles. O índice era de 43% em 2014.

Há muito em jogo. O eMarketer espera que os gastos com anúncios programáticos nos EUA cheguem a U$25,23 bilhões de dólares em 2016, ou 73% do total de publicidade em websites. Em 2018, a soma terá chegado a U$ 37.88 bilhões, ou 82% do total.

Muitas plataformas oferecem ferramentas como listas brancas, listas negras e tecnologias de semântica para ajudar anunciantes a filtrar sites que acreditem problemáticos.

As listas brancas permitem que anunciantes sejam mais agressivos em suas salvaguardas, e indicam apenas aqueles sites nos quais querem que os anúncios apareçam. As listas negras permitem identificar especificamente os sites onde não querem que apareçam. As tecnologias semânticas têm a capacidade de filtrar linguagem  e conteúdo.

Twitter perde a “guerra da atenção”

Empresas de mídia fazem de tudo para conseguir atenção de leitores em Facebook, Instagram e Snapchat, mas há um lugar que tem recebido menos apelos: o Twitter.

Matt Karolian, diretor de envolvimento de audiência no Boston Globe, disse ao Digiday que seu jornal costumava gastar muito mais tempo com tweets em ciclos eleitorais no passado. Mas, desta vez, o foco foi o Facebook. “Tudo acontece lá”, afirmou.

Agora, o Twitter “perdeu a guerra da atenção”, disse Paul Bert, fundador e CEO da Rebel Mouse, que ajuda editores a amplificarem seus conteúdo na mídia social. “Cinco, dez anos atrás, havia muita ênfase em criar tráfego no Twitter. Era o local das empresas de mídia. Era uma pessoa no Facebook, uma pessoa no Twitter. Agora são três pessoas no primeiro e uma no segundo. Não vemos qualquer companhia de mídia em nossa plataforma que estão ou tendo sucesso em aumentar tráfego no Twitter, ou que ainda tenham esta meta”.

O Twitter é em sua essência uma plataforma de noticias, e esta fuga das empresas de mídia é notável. Nick Ascheim,vice-presidente sênior de conteúdo digital da NBC News, disse que, embora o Twitter seja importante para os jornalistas de sua organização, ela não está mais investindo em suas novas oportunidades.

O Twitter ainda pode se sentir importante para jornalistas que passam o dia todo na plataforma, e 59% de seus usuários acham notícias no serviço, em terceiro lugar, depois de Redddit e Facebook. Mas apenas 16% dos adultos nos EUA buscam notícias lá. São 44%, no caso dos usuários do Facebook, de acordo com o Pew Research Center.

Jornais ocupam espaço de agências de publicidade

Empresas de mídia estão investindo cada vez mais em iniciativas como a T Brand, uma agência interna do New York Times responsável pela produção de branded content. Elas se tornam cada vez mais importantes impulsionadoras de crescimento.

E se expandem em áreas que eram tradicionalmente o domínio de agências de publicidade – desde a pesquisa para empresas até a criação de anúncios veiculados fora de seus próprios websites.

Para empresas de jornalismo tradicionais, como New York Times, Wall Street Journal, Washington Post e Time, é vital a expansão em áreas digitais como conteúdo patrocinado. Em muitos casos, a receita de publicidade em veículos impressos cai mais rápido que o crescimento da receita digital, e se intensifica no mundo online a dominância de anunciantes gigantes como Facebook e Google. Uma onda recente de maus resultados na indústria de jornais enfatiza estas pressões, forçando o setor a cortar custos e demitir funcionários.

Os executivos das empresas de mídia reconhecem que montar negócios grandes e lucrativos com branded content não vai ser fácil. Os produtos mais atraentes podem ocupar muita gente, e alguns requerem produção sofisticada de vídeo. Além disso, concorrem com companhias de mídia digital como Vice Media e BuzzFeed, que colocaram branded content no centro de seus modelos de negócio.

Críticos do branded content sugerem que ele mistura as fronteiras tradicionais entre publicidade e editorial, e podem confundir e alienar os leitores.

O T Brand, do Times, emprega 110 pessoas, e faturou U$ 35 milhões em 2015, cerca de 18% da receita digital total da empresa. No ano anterior, havia faturado U$ 14 milhões. As críticas continuarão, mas a tendência veio para ficar.