Me dê motivo: a pesada sutileza do Jornal Nacional ao repercutir a matéria do doleiro da Veja

Atualizado em 4 de novembro de 2014 às 12:31

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A matéria da Veja com o doleiro Alberto Youssef saiu na noite de quinta-feira no site da revista.

O Jornal Nacional passou a sexta-feira em branco, sem repercutir nada. Até para a Globo, provavelmente, aquilo pareceu barra pesada demais.

Mas veio a pichação de um totem e o lixo atirado na sede da Editora Abril, em São Paulo. E foi dado o álibi para o JN repercutir a Veja, mantendo uma tradição milenar. O doleiro entrou no meio de uma longa matéria, pretensamente equilibrada, em que o assunto principal era o que aconteceu no prédio.

As redes sociais conseguiram criar uma expectativa para a cobertura. Nas redes sociais, militantes martelaram uma hashtag que surgira no meio da tarde: #GolpenoJN. O tema ficou em primeiro lugar no Twitter em todo o mundo, graças aos críticos.

A audiência e a influência do Jornal Nacional são uma sombra do que foram em 1989, quando uma edição criminosa do debate entre Lula e Collor mudou o rumo da eleição.

A repercussão negativa levou a emissora a fazer um mea culpa que não tem fim. No ano passado, numa palestra em Londres para estudantes, por exemplo, William Bonner teve de abordar o caso.

Nesse caso, o alcance da denúncia teve um auxílio enorme, na internet, dos detratores da Globo.

O ocorrido na Abril deu ao JN o motivo para fazer o que queria desde a véspera, mas se conteve. Eis que, ao invés de acusados de “golpistas”, os apresentadores estavam apontando o dedo para os “golpistas” — melhor dizendo, os “vândalos”.

A eleição de 89 deixou algumas lições para a Globo. Uma delas é fazer o que já fazia, só que agora com um pouco mais de sutileza. Um pouco — porque, também, ninguém é de ferro.