Membro do MBL que trabalha na prefeitura de SP é dono de site difamatório. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 26 de setembro de 2017 às 15:01
Eric Balbino, ou “Balbinus”, supervisor de Cultura na Prefeitura Regional da Sé

O MBL reagiu como se esperava diante da revelação de que dois de seus membros, Cauê Del Valle e Eric Balbino, foram contratados pela prefeitura de São Paulo: desqualificando o autor da matéria.

Cauê ganhou o cargo depois de apagar uma pichação no muro da casa de João Doria. Com relação a Balbino, não se sabe muito bem.

A foto do repórter da Folha Artur Rodrigues foi postada no Facebook do grupo. Ele praticou uma “canalhice chocante” e é “conveniente (sic) leitor de Marighella”.

Na imagem, a lombada do livro de Mário Magalhães foi assinalada: “Desmascarado mais um militante travestido de jornalista”.

Genial.

Esse tipo de expediente é especialidade de Eric Balbino de Abreu.

Aos 25 anos, filho de um militar da reserva, maníaco por selfies em academia, Eric é supervisor de Cultura na Prefeitura Regional da Sé — seja lá o que isso signifique. Nas redes sociais, assina Eric Balbinus.

É com esse nome artístico que assina um blog de conteúdo altamente difamatório chamado O Reacionário, dedicado a enxovalhar adversários reais e imaginários da “extrema esquerda”.

Numa nota avisando que havia aceitado o convite para trabalhar no município, ele avisa que é formado em Secretariado Executivo e bacharel em Relações Internacionais e que está se preparando para uma pós-graduação em Ciência Política que será iniciada no próximo semestre.

“Após anos atuando no mundo corporativo, fui uma das vítimas da crise e acabei utilizando conhecimentos do blog e da militância política para atuar como jornalista e redator freelance”, escreve.

“Continuarei por aqui elaborando meus comentários sempre ao final do dia, após o trabalho. Exatamente como era feito antes”. 

Não há registro de matérias de Balbino como “jornalista e redator freelance” fora de seu site. Sobre os “anos atuando no mundo corporativo”, ele aparece como “sócio, administrador ou dono” da empresa Eric Balbinus de Abreu – ME (Eric Balbino de Abreu), de Carapicuíba.

O capital social é de R$ 1,00 (um real) e a atividade econômica é “edição de cadastros, listas e outros produtos gráficos”.

Balbino/Balbinus é tremendamente profícuo na arte de apontar o dedo para os inimigos da causa. Sua audiência é baixa, mas a intensidade e a freqüência dos ataques é alta.

Balbinus com Gentili em protesto do MBL

Além dos óbvios Lula e Dilma, Eric fala o seguinte sobre outras pessoas:

  • “O embusteiro Boechat utiliza com maestria a décima terceira regra de Saul Alinsky: Escolha o alvo, congele-o, personalize-o e polarize-o”. Ricardo Boeacht tem a “moral retirada do esgoto”, é um “leproso moral” e um “apologeta do terrorismo”.

  • A chef Paola Carosella é uma “argentina bisbilhoteira se metendo em assuntos do Brasil” e uma “cozinheira equivocada”.

  • O jornalista Alex Solnik é um “ruminante”, “estelionatário imoral”, “trapo humano”, “estúpido a quem sobra mau-caratismo” e a quem “falta o mínimo de inteligência”.

  • O ator João Vicente é um “justiceiro social”, “estelionatário”, “canalha”.

  • Os jornalistas Felipe Barthold e Ana Luiza Guimarães são “idiotas”.

  • Juca Kfouri e José Trajano fazem “serviço de prostitutas”. Antero Greco “não passa de um louco fundamentalista”.

  • Artistas que protestaram contra Temer são “estelionatários da classe artística” e “indigentes morais”.

  • Laura Carvalho, professora do Departamento de Economia da FEA-USP e colunista, “usa este jeito de adolescente sonsa e lacradora”.

  • O cantor Roger Waters é um “cretino antissemita” que “se acha no direito de palpitar sobre nossa política”.

  • Mônica Iozzi é “canastrona”.

  • Kennedy Alencar é “relações públicas do Partido dos Trabalhadores”.

 

Esse é o nível da administração Doria. O aparelhamento da prefeitura por essa gente é uma tragédia anunciada. Depois de censurar obras de arte, vão queimar livros. Quando Doria acordar, ele mesmo já terá virado cinza.