“Menos, Gilmar”: Aécio ainda vai pedir a seu juiz que pare de blinda-lo tão acintosamente. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 25 de maio de 2016 às 19:58
Eles
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Ainda vai chegar um determinado momento em que o próprio Aécio Neves pedirá a Gilmar Mendes para parar de protegê-lo de maneira tão acintosa.

GM é como aqueles pais torcedores descontrolados em jogo de futebol do filho. No começo, o menino gosta. Depois, dado o constrangimento geral, ele implora para que o sujeito fique quieto e vá para casa para evitar que ele apanhe dos demais.

Nos últimos meses, apesar da conhecido e ancestral blindagem, Aécio foi citado em todos os principais escândalos de corrupção.

Heptacampeão na Lava Jato, apareceu nos grampos de Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro e ex-líder do PSDB no Senado.

Em ambas as ocasiões, de maneira humilhante. Na peça estrelada pelo ex-ministro Romero Jucá, Machado declara que “o Aécio não ganha porra nenhuma”. Mais adiante, fala que “ele não tem condição, a gente sabe disso. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB…”

Ele ainda seria “o primeiro a ser comido”.

Na mais recente, com Renan Calheiros, Aécio aparece em versão suplicante. Machado diz que “o PSDB é o próximo”. Renan: “Não, o Aécio disse isso lá. Que eu sou a esperança única que eles têm”. Depois: “Aécio está com medo: ‘Renan, queria que você visse para mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa.’”

Em nota oficial, o senador refutou o que seria mais uma tentativa indevida de atacar a sua honra etc — e sumiu.

A ubiqüidade de seu nome nesses rolos já ultrapassou a barreira da banalidade. Assim como a sensação de que ele é inimputável. O resultado: Aécio leva a melhor no tapetão, mas, quando arrisca ir para a rua, é enxovalhado até por seus coxinhas. Ninguém respeita um babaca rico que nunca se ferra. Nem outros babacas ricos.

Essa situação se deve, principalmente, a seu guarda-costas, Gilmar Mendes. Na manhã de quarta, 26, Gilmar solicitou que a Procuradoria Geral da República reavaliasse um segundo pedido de abertura de inquérito contra Aécio.

Gilmar pede que Janot informe se considera mesmo necessário levar adiante as apurações. A investigação envolve também o prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o deputado Carlos Sampaio, uma espécie de Janaína Paschoal de saias.

Há duas semanas, Gilmar já havia feito isso num pedido de abertura de inquérito contra o amigo, a respeito de Furnas. Mandou paralisar tudo e pediu um parecer de Rodrigo Janot sobre a necessidade das apurações.

Outras histórias escabrosas virão. Aécio estará nelas. Como existiu o Aécio Suplicante, surgirá o Aécio Sincero, cansado de viver numa bolha feita pelo tio GM.

Esse Aécio quer assumir seus erros e pagar por eles. Um novo homem que quer até ir para a cadeia e viver sua grande redenção. Porque ele sabe que ganhar eleição, mesmo, ele não ganha porra nenhuma.