Moro devia agradecer ao blogueiro Eduardo Guimarães. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 22 de março de 2017 às 15:24

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Moro devia agradecer ao blogueiro Eduardo Guimarães.

Eduguim, como é conhecido entre os blogueiros, é um choque de realidade para Moro. E isso é bom para ele.

Moro vive num mundo da fantasia, onde todos o aprovam. Mais, o idolatram.

Seria lindo, ao menos para ele, mas não é verdade. Ele é rejeitado por uma porção considerável dos brasileiros.

Os textos de Eduguim — com a paixão frequentemente exagerada típica dos sonhadores — representam um pedaço expressivo desses brasileiros.

César, o imperador romano, mandava que um homem ficasse chamando-o de careca para que ele não se achasse um deus, ou coisa que o valha.

Eduguim cumpre este papel para Moro. Ou poderia cumprir, se Moro tivesse a mente aberta de César.

Eduguim não diz que Moro é careca, dada sua farta cabeleira. O que ele diz é, essencialmente, que Moro não se comporta como um juiz imparcial.

É uma crítica amplamente amparada em fatos. Basta lembrar a foto de Moro com Aécio numa festa no final do ano passado.

Moro, se ouvisse as objeções de Eduguim (e de outros), poderia refletir: que eu posso fazer para não transmitir a imagem de um juiz tendencioso?

Mas não. Ele prefere acreditar numa ilusão alimentada marotamente pela mídia, a começar pela Globo: a de que é uma unanimidade.

O ataque a Eduguim apenas reforça as convicções das pessoas, milhões delas, que o consideram parcial.

A condução coercitiva não foi um caso isolado. Moro já move um processo contra Eduguim, por um motivo simplesmente ridículo.

Num texto, Eduguim disse que os excessos de Moro poderiam ameaçar “seu emprego e sua vida”. Está claro que Eduguim se referia aí ao leitor.

Um blogueiro da Veja, por má fé e confiando na ignorância de seus leitores, escreveu que a frase era uma ameaça a Moro. Foi o que bastou para ser movido o processo.

Uma interpretação viciada de uma frase foi dar num processo. A melhor defesa de Eduguim será um professor de português no tribunal.

Moro poderia agradecer ser grato ao blogueiro, repito. Mas prefere atazaná-lo, e isso só faz mal à imagem dele, Moro, e da Lava Jato.